segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

CINEMA POLÍTICO DE ELITE (1ª parte)

   O Sr. Ricardo Padilha , embalado pelo sucesso de seus "Tropa de Elite 1 e 2", passou a classificar seus trabalhos como "cinema político" pelo fato de que "discutem aspectos da realidade" tal como disse em entrevista concedida a Ricardo Boechat e outos jornalistas da Band News FM.

   Em tempo: o cineasta refere, in verbis, "eu classifico meu próprio trabalho como político...". Ora, se o trabalho é dele tem que ser "próprio", de sua propriedade. De quem mais seria?

   De todo modo, referiu ainda que tal motivação teve início (sic) "enquanto corria numa esteira de academia vendo televisão" e assistia aos desdobramentos do sequestro pavoroso do ônibus da linha 174. De início, ficou interessado no Sandro, o sequestrador, e depois nos policiais do BOPE, aproximou-se dos mesmos e acabou por fazer um documentário sobre o sinistro e posteriormente dois fimes de longa metragem sobre a vida dos policiais. Para que informar que estava correndo em uma esteira de academia? Não bastaria dizer que assistiu o sinistro pela televisão?

   Na mesma entrevista disse também que fez um "documentário antropológico" intitulado "Segredos da Tribo" (não veiculado no Brasil), outro sobre o pantanal; sobre a fome fez "Garapa" que (sic) "passou dois anos atrás em Berlim" (penso que isto quer dizer que este também nunca foi veiculado no Brasil) etc. Agora está dirigindo um novo filme político intitulado "Nunca Antes na História Deste País" com roteiro do sr. Luís Eduardo Soares.

   De modo sarcástico diz que "é a história fictícia de um partido de esquerda idealista que assume o governo e começa a pagar salários mensais aos deputados". A despeito do sofrível uso da Língua Portuguesa, ele, de certo, está a se referir ao escândalo do mensalão que envolveu o PT e outras siglas, cuja apuração integral dos fatos não chegou a termo.

  Se é assim, e se o agora bem-sucedido cineasta pretende manter a linha política de seu trabalho, tal como classificam os críticos amigos, precisa  ser justo e ético para com a História deste País e chegar até ao final da mesma. Ou, melhor dizendo, ao começo!

  Precisa chegar naquele que fez parar as investigações sobre o suposto pagamento aos deputados, uma vez que foi ele quem deu início, de modo despudorado e escandaloso, ao processo de compras de votos para aprovação de emendas constitucionais. Uma em particular, a da REELEIÇÃO PRESIDENCIAL. Isso mesmo, o Prof. Dr. Fernando Henrique Cardoso.

  A diferença foi que FHC pagou à vista, cerca de meio milhão de reais para cada deputado interessado, tendo como pagador o então poderosíssimo e, hoje, falecido, Ministro das Comunicações, Sérgio Motta.

  E é fato de notório conhecimento que se os parafusos fossem apertados até o fim chegar-se-ia ao tucanato e ao seu líder máximo e emplumado.

  Por que não fazer um filme sobre a CPI dos Correios? Esta que teve à frente o outrora muito valente deputado Eduardo Paes (ex-PSDB) e atual burgo-mestre do Rio de Janeiro que, do alto de sua arrogância e iluminado pelo "Farol de Alexandria" chegou a chamar o Presidente da República de chefe de quadrilha. Parece que foi perdoado. Foi mesmo?? Não seria esse um excelente "thriller" político?

Confesso que a entrevista foi mais longa, mas me foi muito sofrido ouvir o mal-falar (forma e conteúdo) do sr. cineasta que agora, na posição neófita de intelectual, antropólogo, sociólogo e analista político que classifica tudo como "kafkiano" (terá ele lido Franz Kafka...em verdade?), passou a fazer análises sociológicas absurdas sobre corrupção policial. Estas sim, todas "kafkianas". Mas esta já é outra história.

Só espero que ele não acorde um dia pensando que virou uma barata. Que coisa!


Em 07 de dezembro de 2010, do policialmente e cinematograficamente desditoso Estado da Guanabara.

Prof. Dr. Haroldo Nobre lemos.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

“Aperfeiçoamento em Educação só surte efeito no médio ou no longo prazo”


Posted By Redação Carta Capital On 22 de novembro de 2010 @ 16:00 In Política


 O Professor Doutor Haroldo Nobre Lemos diz não acreditar que as universidades privadas tenham capacidade técnica nem orçamentária para elaborar um exame com o grau de qualidade do Enem

Enquanto o ministério da Educação se prepara para anunciar a data de realização no novo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para os estudantes prejudicados pelos problemas com a prova amarela, não cessam as discussões sobre o ocorrido na aplicação do último exame no início deste mês.

Para continuar o debate sobre o assunto o site de CartaCapital entrevistou o professor de Ciências Biológicas e doutor em Virologia, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), autor do artigo publicado na coluna do leitor do nosso site: Enem não é panaceia para problemas conjunturais [1], em que relata sua vivência com os sistemas de avaliação.

Há 29 anos atuando como docente, inclusive para estudantes do ensino médio, Nobre Lemos afirma que viu todo o processo de avaliação de vestibular discursivo e suas adaptações nascerem e divide sua opinião sobre avaliações do ensino que permeia sua carreira. Para ele, desde quando foi criado, o Enem se tornou vital para  mensurar o ensino em todo o País, sua qualidade em termos pedagógicos. “Mas o atual ministro da Educação e a equipe responsável pelo exame foram mais longe, no aspecto social.”

CartaCapital: É possível falar em modelo mais adequado de aplicação do Enem?

Haroldo Nobre Lemos: É preciso que observemos, antes de tudo, que o País conta hoje com Ensino Médio Regular, Técnico e Tecnológico. Daí ser extremamente trabalhoso estabelecer um padrão de questões que avalie, ao final, o rendimento de educandos submetidos a diferentes tipos de prática pedagógica. Diferentes na carga horária, na valorização desse ou daquele tema etc. Penso que um exame que avalia o processo ensino-aprendizagem em um cenário tão multifacetado e soma a isto aspectos sociais (como a democratização do acesso à universidade) só pode ser aplaudido e incentivado.

CC: Podemos considerá-lo mais democrático?

HNL: Sem nenhuma dúvida, uma vez que o exame tem um papel nivelador, mas não nivela “por baixo”. É aí que reside a dificuldade de se elaborar questões para um exame com tal abrangência, quer dizer, um exame com viés social que não descuida do nível propedêutico, dos conteúdos das disciplinas convencionais.

CC: Então ainda não deu tempo de o Enem mostrar a que veio?

HNL: Ainda não houve tempo para juntar os resultados desses mais de 10 anos de Enem e fazer uma análise e poder dizer que esse sistema de avaliação está perfeito. Vamos ter que analisar o Enem cotejando com os dados levantados pelo último Censo, porque se trata de um exame nacional. E é feito no mundo todo.

CC: Como a sr. vê as múltiplas funções do Enem?

HNL: Segundo o ex-ministro da Educação e atual secretário de educação do Estado de São Paulo , Paulo Renato Souza: “O objetivo principal do ENEM é avaliar o quanto os jovens egressos do ensino médio estão preparados para o exercício da cidadania e para os passos futuros de suas vidas”. Não erra o Secretário em tal afirmação, uma vez que aferir o nível geral do ensino fundamental e médio (porque é isso o que o Enem faz, isto é, termina por avaliar o ciclo básico por inteiro) é vital para se mensurar o ensino em todo o País, sua qualidade em termos pedagógicos. Mas o atual Ministro da Educação e a equipe responsável pelo exame foram mais longe, justamente no aspecto social.

Era o que não estava claro quando do início do Enem há 10 anos. Hoje o exame não objetiva apenas democratizar o acesso ao ensino superior , mas, sobremodo, avalia se os jovens oriundos do ensino médio estão, de fato, preparados para o ingresso no mercado de trabalho, na universidade, enfim, se está em condições de participar plenamente do desenvolvimento do País e, por conseguinte, de seu desenvolvimento pessoal, exercendo de forma plena seu papel de cidadão.

E mais, exames como o Enem, permitem comparações entre países e, sobremaneira, entre épocas, isto é podemos cotejar os tipos de provas de diferentes épocas num mesmo país e estabelecer parâmetros importantes.

E não resta dúvida que, no tocante ao PROUNI, a vinculação da concessão de bolsas (integrais ou parciais) aos alunos com bom desempenho no Enem, incrementou significativamente as notas obtidas. Este aspecto somado aos demais de caráter social (ter cursado o ensino médio em escola pública ou em escola privada com bolsa integral, ser portador de deficiência, ser professor, em exercício, do ensino básico da rede pública, objetivando a licenciatura plena etc.) constituem uma verdadeira revolução em termos educacionais no Brasil. Contudo, é mister destacar que qualquer processo de inovação ou aperfeiçoamento na área da Educação não se faz sentir de imediato, tal como a formação educacional de um ser humano considerada de forma isolada. Tudo em Educação surte efeito no médio/longo prazo, mormente tratando-se de tantos “brazis” como é o caso de nossa nação com dimensões continentais e, por isso, com amplíssima diversidade cultural.

CC: Os erros desta edição do Enem foram minimizados por Fernando Haddad. E a opinião do sr. sobre os problemas ocorridos, qual é?

HNL: O Ministro Haddad não minimizou os erros, citou-lhes, isto sim, a exata medida. Quer dizer, consideradas: a abrangência do exame, a complexa fórmula de elaboração das questões a fim de se evitar discrepâncias, e o resultado geral, esses erros assumem, do ponto de vista estatístico um valor irrisório. Mas, de modo algum, eles são perdoáveis, devem ser apurados e analisados, buscando a melhoria do sistema. E não foi diferente o entendimento do Poder Judiciário do Ceará.

CC: Qual o futuro do Enem?

HNL: Recentemente, o Ministro referiu-se ao exame vestibular como um “obstáculo”. E de fato o é…no que se refere ao ingresso nas universidades públicas para alunos oriundos de escolas públicas. E isto o ENEM, sem sombra de dúvida, minimiza. Por outro lado, se pensarmos em universidades cariocas tais como: UniverCidade, Unigranrio, Estácio de Sá, UniSuam e outras do mesmo calibre, não há obstáculo algum, pois se você ficar parado diante de suas portas por quinze segundos e fechar os olhos, ao abri-los já estará matriculado e assistindo aula…sabe-se lá do quê e em qual nível.

Diante desta variedade de cursos superiores de níveis os mais diversos, duvido muito que o poderoso “lobby” dos empresários donos dessas quitandas de diplomas vá aceitar, com facilidade, a substituição de seus vestibulares por um exame único tal como o ENEM. De certo, eles ficariam com centenas de vagas ociosas.

CC: Quais os grandes problemas do atual modelo do Enem?

HNL: Os mesmos que envolvem as eleições, por exemplo. São logísticos e não técnico-pedagógicos. É nesta área que não pode haver erro que seja. Note que a preparação das questões envolve não só sigilo, o que já é parcialmente resolvido pelo fato de todas as questões serem pré-testadas. Isto é, para a prova ser balizada ela precisa ser avaliada segundo fórmulas matemáticas muito complexas para, depois, serem classificadas como : fáceis, médias e difíceis. Emprega-se para tanto a TRI (Teoria da Resposta ao Item) com as questões existentes no BNI (Banco Nacional de Itens) do INEP (Instituto de Estudos e Pesquisas Educaionais Anísio Teixeira). A TRI atribui valores relativos às questões de acordo com a Teoria das Probabilidades. Em suma, para a elaboração final do ENEM, emprega-se uma gama enorme de informações analisadas por supercomputadores que trabalham com “softwares” de 10.000 dólares, “rodando-os” por 48 horas para que se obtenham os pontos que irão compor uma distribuição com base na Curva de Gauss. E há exigências que, embora pareçam sutis, podem fazer toda a diferença na hora da resolução das questões. Por exemplo: as questões têm de ser de múltipla escolha (há uma redação a parte); elas precisam ter uma introdução (um texto, uma charge, um gráfico etc.) e depois o enunciado; não podem ser questões com respostas absurdas; as respostas têm que apresentar uma justificativa; o número de orações que compõem as questões deve ser o mesmo em todas elas, e devem começar pelo mesmo tempo verbal; e assim por diante.

Não imagino que as universidades privadas tenham capacidade técnica nem orçamentária para elaborar um exame deste grau de qualidade.

CC: Muitos vestibulares costumam ter questões anuladas por ter duas opções de respostas ou erro de enunciado. Se isso ocorre em vestibulares, por que quando é o Enem isso se torna grave?

HNL: A dimensão de qualquer falha no ENEM terá a dimensão exata do exame, isto é, torna-se um fato de proporções nacionais, alimentando os discursos de políticos de oposição ao governo, de candidatos derrotados no último pleito, servindo de mote para editoriais de periódicos ressentidos e altamente partidarizados, de jornalistas pré-pagos e toda sorte de críticos de primeira hora que sequer sabem do que estão falando.

CC: O sr. é favorável que o Enem seja aplicado mais de uma vez por ano?

HNL: Sim, sou favorável e torço para que ele o faça. Afinal, se muitas universidades fazem realizar um exame vestibular a cada semestre, nada mais justo que o ENEM acompanhe esse processo e amplie seu papel democratizador do acesso às universidades, principalmente as públicas.

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terça-feira, 9 de novembro de 2010

ENEM NÃO É PANACEIA PARA PROBLEMAS CONJUNTURAIS

Durante a década de 1980 algumas universidades públicas do Rio de Janeiro, a saber: UFRJ, UERJ, ENCE e CEFET resolveram retirar da Fundação CESGRANRIO a função de realizar seus exames vestibulares, dadas as falhas que, vez por outra ocorriam e que davam muito o que falar.

Uma dessas falhas mais famosas foi a anulação de uma dezena de questões sobre literatura, todas baseadas em um texto de Carlos Drummond de Andrade. A reclamação se deu a partir do próprio autor que na época era articulista do “Jornal do Brasil” e chamava as provas da CESGRANRIO, não carinhosamente, de “provinhas-cemitério”, dada a quantidade de cruzes que o candidato era obrigado a fazer, pois eram todas questões de “múltipla escolha”.

Daí para frente o Prof. Carlos Serpa, o então big boss do vestibular no RJ, deu a ordem de só se utilizar textos de autores mortos nos exames. Morto não discute Teoria Literária que, aliás, segundo o imortal-vivo Ledo Ivo, da Academia Brasileira de Letras, é matéria inútil a afastar o jovem estudante da literatura clássica.

O fato é que o Prof. Serpa, digo, a CESGRANRIO perdeu uma fortuna ao deixar de elaborar os exames vestibulares mais concorridos do RJ. E também é fato que os educadores que levaram adiante o projeto de autonomia das universidades públicas, muitos alinhados com a esquerda (a ditadura agonizava), não viam nenhum sentido em não realizar, elas mesmas (as universidades) seus exames vestibulares. E nessa esteira introduziram a prova discursiva logo de cara, isto é, só havia uma fase de exame.

Foi um desastre absoluto, pois pessoas semi-alfabetizadas e outras completamente despreparadas prestaram tal exame...e tivemos de avaliar suas provas. Os professores Jorge Lúcio Serra Vasconcellos e Paulo Fábio Salgueiro, bem vivos, mercê de Deus, não me deixam mentir. Foram quase 3.000 provas para cada avaliador no caso da Biologia, tendo-se que ler toda sorte de asneiras, incluindo ofensas, palavrões etc.

No ano seguinte cada universidade estabeleceu suas próprias regras e, de plano, estabeleceram que haveria uma pré-seleção, isto é uma “peneira” a fim de que só participassem das provas discursivas, numa segunda fase, os candidatos com condições mínimas para tal. A esta altura o Prof. Paulo Fábio Salgueiro coordenava o vestibular da UERJ e, é preciso que se diga, com muito sucesso.

Foram necessários os erros e acertos comuns a qualquer mudança de status quo até que se atingisse aquilo que se pretendia ser o ideal, já que a perfeição é apanágio de Deus.

E o ENEM? De caráter muito mais amplo, uma vez que é permeado por aspectos como cidadania e outros de cunho social, todos previstos na Lei de Diretrizes e Bases da Educação, não pode ser encarado como panaceia que vá solucionar todas as questões que envolvem o acesso às Universidades Públicas. Para melhor entendermos esse ponto vejamos o que diz o MEC sobre a fundamentação do ENEM, in verbis:



"Concepções e fundamentos do Enem

A estrutura conceitual de avaliação do Enem, delineada no Documento Básico, de 1998, que definiu as suas características gerais, vem sendo aprimorada e consolidada a cada aplicação do exame, sem, contudo, afastar-se dos fundamentos estabelecidos na concepção original. O ponto de partida para estruturação do Enem foi o advento da atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB, que introduziu importantes inovações conceituais e organizacionais no sistema educacional brasileiro. O ensino médio, que ganhou uma nova identidade como etapa conclusiva da educação básica, recebeu a atribuição de preparar o aluno para o prosseguimento de estudos, a inserção no mundo do trabalho e a participação plena na sociedade.

A base epistemológica do Enem, portanto, tem como principal fundamento o conceito de cidadania, dentro de uma visão pedagógica democrática que preconiza a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico. Estes são os principais atributos que a LDB relaciona ao perfil de saída do aluno da escolaridade básica. Tomando como referência principal a articulação entre educação e cidadania firmada pela Constituição Federal e ratificada pela LDB, o Enem foi criado com o objetivo de avaliar o desempenho do aluno ao final da escolaridade básica, para aferir o desenvolvimento das competências e habilidades requeridas para o exercício pleno da cidadania."

Sem adentrar pelo chatíssimo “pedagogês”, temos no excerto acima bem delineados os aspectos de cada candidato que serão aferidos pelo exame. De novo, do próprio MEC, temos, in verbis:

“Busca-se, dessa maneira, verificar como o conhecimento assim construído pode ser efetivado pelo participante por meio da demonstração de sua autonomia de julgamento e de ação, de atitudes, valores e procedimentos diante de situações-problema que se aproximem o máximo possível das condições reais de convívio social e de trabalho individual e coletivo.

Todas as situações de avaliação estruturam-se de modo a verificar se o participante é capaz de ler e interpretar textos de linguagem verbal, visual (fotos, mapas, pinturas, gráficos, entre outros) e enunciados:

- identificando e selecionando informações centrais e periféricas;

- inferindo informações, temas, assuntos, contextos;

- justificando a adequação da interpretação;

- compreendendo os elementos implícitos de construção do texto, como organização, estrutura, intencionalidade, assunto e tema;

- analisando os elementos constitutivos dos textos, de acordo com sua natureza, organização ou tipo;

- comparando os códigos e linguagens entre si, reelaborando, transformando e reescrevendo (resumos, paráfrases e relatos).

COMPETÊNCIAS

I. Dominar a norma culta da Língua Portuguesa e fazer uso das linguagens matemática, artística e científica.



II. Construir e aplicar conceitos das várias áreas do conhecimento para a compreensão de fenômenos naturais, de processos histórico-geográficos, da produção tecnológica e das manifestações artísticas.



III. Selecionar, organizar, relacionar, interpretar dados e informações representados de diferentes formas, para tomar decisões e enfrentar situações-problema.



IV. Relacionar informações, representadas em diferentes formas, e conhecimentos disponíveis em situações concretas, para construir argumentação consistente.



V. Recorrer aos conhecimentos desenvolvidos na escola para elaboração de propostas de intervenção solidária na realidade, respeitando os valores humanos e considerando a diversidade sociocultural.

HABILIDADES

1. Dada a descrição discursiva ou por ilustração de um experimento ou fenômeno, de natureza científica, tecnológica ou social, identificar variáveis relevantes e selecionar os instrumentos necessários para realização ou interpretação do mesmo.

2. Em um gráfico cartesiano de variável socieconômica ou técnico-científica, identificar e analisar valores das variáveis, intervalos de crescimento ou decréscimo e taxas de variação.

3. Dada uma distribuição estatística de variável social, econômica, física, química ou biológica, traduzir e interpretar as informações disponíveis, ou reorganizá-las, objetivando interpolações ou extrapolações.

4. Dada uma situação-problema, apresentada em uma linguagem de determinada área de conhecimento, relacioná-la com sua formulação em outras linguagens ou vice-versa.

5. A partir da leitura de textos literários consagrados e de informações sobre concepções artísticas, estabelecer relações entre eles e seu contexto histórico, social, político ou cultural, inferindo as escolhas dos temas, gêneros discursivos e recursos expressivos dosautores.

6. Com base em um texto, analisar as funções da linguagem, identificar marcas de variantes lingüísticas de natureza sociocultural, regional, de registro ou de estilo, e explorar as relações entre as linguagens coloquial e formal.

7. Identificar e caraterizar a conservação e as transformações de energia em diferentes processos de sua geração e uso social, e comparar diferentes recursos e opções energéticas.

8. Analisar criticamente, de forma qualitativa ou quantitativa, as implicações ambientais, sociais e econômicas dos processos de utilização dos recursos naturais, materiais ou energéticos.

9. Compreender o significado e a importância da água e de seu ciclo para a manutenção da vida, em sua relação com condições socioambientais, sabendo quantificar variações de temperatura e mudanças de fase em processos naturais e de intervenção humana.

10. Utilizar e interpretar diferentes escalas de tempo para situar e descrever transformações na atmosfera, biosfera, hidrosfera e litosfera, origem e evolução da vida, variações populacionais e modificações no espaço geográfico.

11. Diante da diversidade da vida, analisar, do ponto de vista biológico, físico ou químico, padrões comuns nas estruturas e nos processos que garantem a continuidade e a evolução dos seres vivos.

12. Analisar fatores socioeconômicos e ambientais associados ao desenvolvimento, às condições de vida e saúde de populações humanas, por meio da interpretação de diferentes indicadores.

13. Compreender o caráter sistêmico do planeta e reconhecer a importância da biodiversidade para preservação da vida, relacionando condições do meio e intervenção humana.

14. Diante da diversidade de formas geométricas planas e espaciais, presentes na natureza ou imaginadas, caracterizá-las por meio de propriedades, relacionar seus elementos, calcular comprimentos, áreas ou volumes, e utilizar o conhecimento geométrico para leitura, compreensão e ação sobre a realidade.

15. Reconhecer o caráter aleatório de fenômenos naturais ou não e utilizar em situaçõesproblema processos de contagem, representação de freqüências relativas, construção de espaços amostrais, distribuição e cálculo de probabilidades.

16. Analisar, de forma qualitativa ou quantitativa, situações-problema referentes a perturbações ambientais, identificando fonte, transporte e destino dos poluentes, reconhecendo suas transformações; prever efeitos nos ecossistemas e no sistema produtivo e propor formas de intervenção para reduzir e controlar os efeitos da poluição ambiental.

17. Na obtenção e produção de materiais e de insumos energéticos, identificar etapas,calcular rendimentos, taxas e índices, e analisar implicações sociais, econômicas e ambientais.

18. Valorizar a diversidade dos patrimônios etnoculturais e artísticos, identificando-a em suas manifestações e representações em diferentes sociedades, épocas e lugares.

19. Confrontar interpretações diversas de situações ou fatos de natureza históricogeográfica, técnico-científica, artístico-cultural ou do cotidiano, comparando diferentes pontos de vista, identificando os pressupostos de cada interpretação e analisando a validade dos argumentos utilizados.

20. Comparar processos de formação socioeconômica, relacionando-os com seu contexto histórico e geográfico.

21. Dado um conjunto de informações sobre uma realidade histórico-geográfica, contextualizar e ordenar os eventos registrados, compreendendo a importância dos fatores sociais, econômicos, políticos ou culturais."

Diante do exposto, tem-se, por cristalino, que o que é avaliado no ENEM vai muito além do que hoje exigem para ingresso as universidades de décima categoria e seus “cursos caça-níqueis” que infestam o Rio de Janeiro. Exceção sempre honrosa da PUC/RJ.

É, no mínimo, ingenuidade acreditar que o ingresso nas universidades públicas em cursos concorridíssimos como Medicina, Direito e Engenharia, dar-se-á “de modo mais democrático” por causa do ENEM. Ele minimiza a histórica inversão de que tais cursos estão, há mais de três décadas, reservados aos filhos das elites que podem pagar colégios com ensino fundamental e médio de excelência ministrado ao longo de 40/43 horas semanais. Coisa que, nem em sonho, as administrações dos estados e municípios conseguem, ou sequer pretendem realizar.

Daí a ansiedade, a angústia e todos esses sentimentos de expectativa que decorrem do ENEM e que são, como de hábito, muito bem explorados pela matilha faminta da imprensa e, sobremodo, alguns parlamentares da oposição derrotada como a senadora Marisa Serrano (PSDB-MS), que torcem e rezam para que o exame não atinja seus objetivos.

Penso que já está dando certo, e tal como os vestibulares discursivos que citei ao início, ainda terá de se aperfeiçoar, aprendendo com seus erros. Afinal, não é assim que se educa?

Felicidades a todos.

Em, 09 de novembro de 2010, no saudoso Estado da Guanabara.


Prof. Dr. Haroldo Nobre Lemos.

sábado, 16 de outubro de 2010

MANIFESTO EM DEFESA DA EDUCAÇÃO PÚBLICA

   O texto que se segue é uma transcrição de documento enviado, gentilmente, por via de correio eletrônico, pelo caríssimo Prof. Alex Werner Von Sydow. É assustadoramente verdaeiro em seu conteúdo e necessária se faz a leitura atenta do mesmo, não só por professores mas, sobremaneira, pelos jovens que anseiam, esperam e necessitam da Educação Pública de excelente qualidade.





Manifesto em Defesa da Educação Pública


"Nós, professores universitários, consideramos um retrocesso as propostas e os métodos políticos da candidatura Serra. Seu histórico como governante preocupa todos que acreditam que os rumos do sistema educacional e a defesa de princípios democráticos são vitais ao futuro do país.

Sob seu governo, a Universidade de São Paulo foi invadida por policiais armados com metralhadoras, atirando bombas de gás lacrimogêneo. Em seu primeiro ato como governador, assinou decretos que revogavam a relativa autonomia financeira e administrativa das Universidades estaduais paulistas. Os salários dos professores da USP, Unicamp e Unesp vêm sendo sistematicamen te achatados, mesmo com os recordes na arrecadação de impostos. Numa inversão da situação vigente nas últimas décadas, eles se encontram hoje em patamares menores que a remuneração dos docentes das Universidades federais.

Esse 'choque de gestão' é ainda mais drástico no âmbito do ensino fundamental e médio, convergindo para uma política de sucateamento da Rede Pública. São Paulo foi o único Estado que não apresentou, desde 2007, crescimento no exame do Ideb, índice que avalia o aprendizado desses dois níveis educacionais.

Os salários da Rede Pública no Estado mais rico da federação são menores que os de Tocantins, Roraima, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Espírito Santo, Acre, entre outros. Somada aos contratos precários e às condições aviltantes de trabalho, a baixa remuneração tende a expelir desse sistema educacional os professores qualificados e a desestimular quem decide se manter na Rede Pública. Diante das reivindicações por melhores condições de trabalho, Serra costuma afirmar que não passam de manifestação de interesses corporativos e sindicais, de “tró-ló-ló” de grupos políticos que querem desestabilizá-lo. Assim, além de evitar a discussão acerca do conteúdo das reivindicações, desqualifica movimentos organizados da sociedade civil, quando não os recebe com cassetetes.

Serra escolheu como Secretário da Educação Paulo Renato Souza, ministro nos oito anos do governo FHC. Neste período, nenhuma Escola Técnica Federal foi construída e as existentes arruinaram-se. As universidades públicas federais foram sucateadas ao ponto em que faltou dinheiro até mesmo para pagar as contas de luz, como foi o caso na UFRJ. A proibição de novas contratações gerou um déficit de 7.000 professores. Em contrapartida, sua gestão incentivou a proliferação sem critérios de universidades privadas. Já na Secretaria da Educação de São Paulo, Paulo Renato transferiu, via terceirização, para grandes empresas educacionais privadas a organização dos currículos escolares, o fornecimento de ma terial didático e a formação continuada de professores. O Brasil não pode correr o risco de ter seu sistema educacional dirigido por interesses econômicos privados.

No comando do governo federal, o PSDB inaugurou o cargo de “engavetador geral da república”. Em São Paulo, nos últimos anos, barrou mais de setenta pedidos de CPIs, abafando casos notórios de corrupção que estão sendo julgados em tribunais internacionais. Sua campanha promove uma deseducação política ao imitar práticas da extrema direita norte-americana em que uma orquestração de boatos dissemina dogmas religiosos. A celebração bonapartista de sua pessoa, em detrimento das forças políticas, só encontra paralelo na campanha de 1989, de Fernando Collor." (os negritos são meus)


E ainda, recorda-nos o Prof. Mauro Gurgel alguns fatos muito importantes. É o que segue.

Gostaria de lhes refrescar a memória em relação ao governo do PT frente à Educação:


1) tivemos as reivindicações aceitas;

2) hoje em dia não reclamamos mais do plano de cargos e salários,

3) houve significativo aumento verba destinada à Educação;4) houve um aumento de 50% do total de artigos científicos publicado ao comparar o governo FHC com o Lula (cerca de 12.000 no FHC para + de 18.000 no Lula), graças ao aumento de verba para pesquisa em período semelhante, segundo reportagem na Veja;

5) conseguimos fazer diversas obras de reforma no Colégio Pedro II e na UFRJ, onde trabalho e fiz doutorado, respectivamente;

6) houve aumento significativo da quantidade de campus de universidades federais e CEFETs no país;


7) houve também criação de novas universidades e CEFETs em áreas necessárias no país.


PSDB, de novo, na Educação NÃO!

Somente pra gente refletir...Lembram-se da GID (Gratificação de Incentivo à Docência)? Pois é, só para lembrar que no Governo FHC, não tínhamos salário fixo. Lembro-me dos professores do Colégio Pedro II (federal), fazendo contas para ver quanto iam ganhar. Serra faz o mesmo em SP, estado mais rico do país, onde paga pouco mais de 700 reais de piso. Aliás, Paulo Renato é o Secretário de Educação e provavelmente será seu Ministro, assim como foi na era FHC. Não tenho a mínima saudade...

Textos IRRETOCÁVEIS aos quais sotoponho minha assinatura, neste 16 de outubro de 2010, na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, saudoso Estado da Guanabara.

Prof. Dr. Haroldo Nobre Lemos.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

A ELEIÇÃO DOS DESESPERADOS

                         








    Acabei de ouvir através da rádio Band News FM, em programa comandado pelo horroroso Boris Casoy, uma entrevista feita pelo mesmo ser com a ex-candidata do Partido Verde (PV) à Presidência da República, a Ministra Marina Silva. Neste episódio o tal sujeito, que é “serrista roxo”, tentou arrancar da Ministra qual seria sua posição para o segundo turno das eleições presidenciais, isto é, se apoiaria Dilma Rousseff ou José Serra.

A Ministra, com seu discurso pontuado pelos temas de sempre, a saber: transparência, ética na política, rompimento com as oligarquias etc., deixou clara sua posição de que tudo seria resolvido na próxima convenção do PV onde poderão se manifestar, muito democraticamente, todos os segmentos sociais que lhe deram apoio, incluindo os acadêmicos a favor e contra, as posições que a levaram a obter a votação que surpreendeu a todos os institutos independentes de pesquisa (Ibope, Vox Populi e congêneres), doutores em Ciência Política – até hoje não sei o que é isso -- e jornalistas imbecis, amestrados e pré-pagos como Merval Pereira e Diogo Mainardi (na véspera da eleição não falaram de outra coisa que não fosse de Dona Erenice Guerra, através dos canais fechados Clobo News e GNT).

O tal Casoy não ficou satisfeito com a prolixa resposta da Ministra Marina Silva e insistiu na pergunta. Neste ponto tive de concordar com a desprezível criatura casoyriana, uma vez que a Ministra esqueceu que já saiu do palanque e não tinha por que deitar falação sobre suas posições políticas. Aliás, as mesmas que alega ter mantido enquanto esteve com a pasta do Meio Ambiente, aquelas que não conseguiu sustentar diante da pressão exercida pelas coligações que levaram o Sr. Luís Inácio da Silva ao cargo maior do País.

Assim, respondeu ela de modo mais objetivo, se é que se pode conseguir alguma objetividade de um político – sim, ela é uma senadora, não devemos esquecer – e afirmou que “sua posição pode não convergir (sic) com as decisões tomadas nessa convenção e que tudo dependerá também do comprometimento dos candidatos (sem citar nomes em nenhum momento) com os projetos e reformas que ela entende necessários”. Acrescentou também que tal decisão passará ao largo do mercado-persa dos cargos no governo, o famoso “toma-lá-da-cá” que, tradicionalmente, impera em momentos como esse.

A convenção prevista para o próximo dia 17 /10, estabelecerá esta tão ampla discussão cujas posições, juntamente com as da Ministra (elas poderão não ser convergentes) serão apresentadas aos candidatos e que dos mesmos não bastará (para receber seus 20 milhões de votos) apenas um “apoio declaratório, mas a incorporação dos mesmos no debate político” (sic).

Firma ela assim sua posição diante do PT, do PSDB e, por óbvio, do próprio PV. Este não obstará em nada suas declarações sejam elas quais forem, afinal, se Antony Garotinho se mantêm politicamente vivo com os 15 milhões de votos que recebeu quando concorreu à Presidência (obteve, agora, mais de 700 mil para deputado, mesmo impedido pelo TRE, em primeira instância)..., o que dizer dos 20 milhões da Ministra Marina Silva? É capital político para dar e vender!!

PANO RÁPIDO

Boris Casoy, formado pela ultra-direitista universidade MacKenzie , de São Paulo, é acusado por seus contemporâneos de "dedo-duro" no período ditatorial e, às vésperas do natal de 2009, disse que “os garis são o que há de mais baixo na escala do trabalho” (sic). Podem conferir no sítio do “ youtube” ( http://www.youtube.com/watch?v=XmIzFVhVMV8).

Quanto ao sr. Mainardi e seus coleguinhas, transcrevo, concessa venia, o que publicou o “Correio do Brasil”, na grande rede, nesta quarta-feira. Diz assim:

Espetáculo de baixaria na TV contra Lula e Dilma sai do ar

5/10/2010 22:15, Por Redação, do Rio de Janeiro

Logo após 46,91% dos brasileiros votarem na candidata Dilma Rousseff, indicada pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva foi alvo da ira de um dos convidados do programa Manhattan Connection, exibido no canal GNT, para assinantes. Na noite de domingo, o humorista Marcelo Madureira, integrante do grupo de comediantes Casseta & Planeta, xingou o presidente Lula de “impostor, vagabundo e picareta”.

Madureira, ao vivo, teceu seus comentários também sobre Dilma e foi aplaudido por seu colega de ultradireita Diogo Mainardi. Nas reprises apresentadas na madrugada, às 10h e às 14h desta segunda-feira, porém, o discurso de Madureira aparece cortado. Na versão que está no site oficial do GNT, a série de baixarias também foi excluída. A emissora não se pronunciou sobre o assunto até a noite desta terça-feira (os negritos são meus).


É o desespero das famílias Marinho (Globo), Mesquita (Estadão), Civita (Veja) et curriola! Que coisa !!

Em 06 de outubro de 2010, no saudoso Estado da Guanabara.

Prof. Dr. Haroldo Nobre Lemos.


segunda-feira, 13 de setembro de 2010

MONOGRAFIAS, UNIVERSIDADES PRIVADAS E OUTRAS FALÁCIAS.


   O tema em questão é espinhoso para os mais cuidadosos com as susceptibilidades alheias, os mais diplomáticos e  para os mais piedosos. Entretanto, na qualidade de não-membro do Itamaraty e pecador contumaz, venho, instado por amigos que a todo tempo me atormentam com este tema, esclarecer alguma coisa sobre esses malsinados "trabalhos de conclusão de curso superior" e de "póis" -- no dizer carioca --, isto é, pós-graduação que os pacóvios com diploma de nível superior insistem em codinominar, através da preposição latina post, ou pós, os cursos que se seguem uma vez concluída a graduação, em particular o Curso de Especialização.

   Assim, existem duas modalidades de cursos de pós-graduação: lato sensu (em sentido amplo) e strictu sensu (em sentido restrito).

   A primeira refere-se aos cursos de especialização, com carga horária mínima de 360 horas estabelecida pela legislação e que, ao término, exige a apresentação de um trabalho escrito, isto é, dissertativo, a monografia.

A segunda refere-se aos cursos de mestrado e doutorado. Aí a coisa fica bem mais complicada, mormente em se tratando das universidades públicas (federais e estaduais). Nesses casos, os alunos são selecionados de diversas maneiras a critério de cada instituição, observando o que dispõe seu regimento interno a respeito do assunto, preservando-se a autonomia universitária. O que não ocorre em universidades privadas onde o aluno paga para fazer os cursos. Nas públicas ele recebe dinheiro para fazer o mesmo, através de bolsas de estudo custeadas, nas mais das vezes, pelo governo, direta ou indiretamente.

Nos cursos de mestrado e doutorado, o aluno deve frequentar as aulas dos créditos oferecidos (obrigatórios e optativos) e ser aprovado nos mesmos. Em paralelo seguem os trabalhos de pesquisa que redundarão em uma tese ou dissertação -- o nome varia de acordo com a área de concentração, por exemplo: diz-se dissertação para um trabalho de História ou Direito e tese para um trabalho de Medicina ou Química -- que, após apreciada pela coordenação do curso quanto à qualidade e pertinência, é submetida a uma banca examinadora que, em data definida, argui, publicamente, o postulante ao título de mestre ou doutor. Os alunos desses cursos de excelência são facilmente identificáveis...eles nunca dizem que estão fazendo "póis"!

Feitos os prolegômenos necessários, vamos ao tema:  A COMPRA E VENDA  DE MONOGRAFIAS E TESES.

Um colaborador deste humilíssimo blogue, Sr. Maxsuel Siqueira, estudante de Comunicação, precisou escrever sobre o mesmo tema. Consultou-me. O que se lê agora é o que consternou o desavisado estudante.

   Estava ele estarrecido com a decsoberta de um anúncio que não reproduzirei aqui por razões óbvias, de uma "empresa" de produção desses trabalhos. Em todos os níveis. Espantou-lhe mais ainda a despudorada forma como se apresenta o tal grupo de redatores científicos polivalentes, isto é, de forma pública, sem sofrer qualquer tipo de sanção. De plano, devemos ter em mente que o uso desse material para fins de promoção profissional constitui crime de falsidade ideológica (Art. 299 do Código Penal Brasileiro), quer dizer, é fraude. Muito frequentemente lançam mão de trabalhos antigos dos quais a comunidade acadêmica já não tem lembrança, ou, como é patente nas universidades privadas, jamais teve conhecimento. Aí é crime de plágio e, portanto, violação da Lei nº 9.610/98 – a Lei de Direitos Autorais.

   Não obstante todos os aspectos legais e morais, a compra desses trabalhos feitos sob encomenda para atender a um sem número de estudantes, repito, de universidades privadas em sua maioria, é uma prática que já se cristalizou ao longo dos últimos 30 anos, no mínimo.

   E não é por outra razão que eu, e muitos outros (estes mais discretos), torcemos o nariz para "especialistas" e "mestres" oriundos de instituições privadas que nada mais são do que empresas e que, como tal, são comercializadas a todo tempo. Vendidas e compradas, como foi o caso recente da Gama Filho e de outas no Rio de Janeiro. São deficientes em tudo, da biblioteca ao corpo docente. Nada nelas é atualizado -- exceção dos seus shoppings-centers -- e seus egressos engrossam de forma assustadora as filas de inscrições em concursos públicos para cargos de nível médio.

   E também não foi por outra razão que o Ministério da Educação (MEC), nas instituiçoes públicas e fundacionais que estão sob sua égide, hipervalorizou a gratificação de doutorado, propiciando uma verdadeira corrida aos cursos de doutorado fora do Brasil, isto é, na América do Sul (Argentina, Paraguai etc.) cujo ingresso e conclusão são bem mais generosos e se dão em tempo recorde. Até o momento o MEC não está reconhecendo tais cursos como válidos mediante entendimento da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior).

   Os cursos de pós-graduação strictu sensu das universidades públicas, sobremodo naquelas que se destacam como referências, quer no âmbito nacional, quer no internacional, em diversas áreas, duram, em média, quatro anos, e os projetos são financiados pelas agências do governo, ou a ele diretamente ligadas, denominadas fomentadoreas de pesquisa, tais como Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), CAPES, Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio de Janeiro (FAPERJ) e sua congênere paulista a FAPESP, além de muitas outras espalhadas pelos estados da Federação.

   Estas fomentadoras também concedem bolsas de estudo aos alunos desses cursos como referiu o Prof. Marcelo Hermes da Universidade Federal de Brasília (UnB) em seu blogue, em março de 2010, litteris:

"Pesquisador 1A do CNPq vai ganhar agora 1500 reais! Paga uma passagem a Orlando (Flórida) a cada dois meses. Uau ! Agora sim milhares de pessoas tentarão a carreira de cientista !"

Referia-se o profesor à seguinte notícia divulgada pelo sítio eletrônico universia.com.br que assim noticiou no mesmo mês, litteris:

"O Presidente do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), Carlos Alberto Aragão de Carvalho Filho, anunciou ontem, 9 de março, durante reunião da Diretoria Executiva da agência, o reajuste concedido pelo Conselho para o aumento no número de bolsas. O reajuste médio foi de 21%, com destaque para a bolsa de pós-doutorado, que passou de R$ 2.218,56 para R$ 3.200, acréscimo de 44%. As bolsas de Iniciação Científica passaram de 29 para 43 mil, aumento substancial de 14 mil bolsas, ou cerca de 48%. "

   E o que isto tem a ver com o tema? Tudo. E as conclusões que a muitos desagrada são simples e avassaladoras. São elas:

1- O ensino superior privado, pelo menos no Rio de Janeiro, é pífio, vergonhosamante insuficiente e defasado. As bibliotecas e laboratórios dessas quitandas de diplomas secos e molhados, são obsoletos e, portanto, inúteis.

2- O objetivo precípuo dessas empresas é o lucro, o dinheiro, nada têm a ver com a formação e a promoção humanas. São todas processadas em fóruns trabalhistas e devem milhões ao FGTS e ao INSS.

3- Os egressos dessas fábricas de diplomas precisam comprar suas monografias, uma vez que, em quantidade esmagadora, saem como entraram: subletrados, subculturados e analfabetos-funcionais. Nada além de lúmpens ilustrados.

4- Neste caldo fermentante de ignorância e fraude pululam os espertalhões, dentro e fora dessas universidades, a oferecer seus produtos a quem puder/quiser pagar. Não raro com a ajuda governamental do FIES (Finaciamento do Ensino Superior), antigo CREDUC (Crédito Educativo), que cuida de manter esses pobres diabos distantes do ensino superior público reservado aos filhos das elites, e aproveita para ganhar juros em cima de dívidas intermináveis sob a batuta da Caixa Econômica Federal.

5- Os cursos de especialização e mestrado de excelência e bem ministrados passaram a ser os "tapa-buracos", os "fisioterapeutas" desses aleijões acadêmicos que se traduzem em milhares de profissionais graduados e desqualificados para o mercado de trabalho.

6- Daí, não surpreende o MEC hipervalorizar as gratificações de doutorado tal como referi ao cimo, pois restou esta instância como o último reduto de qualificação e de excelência, quando desenvolvido na UFRJ, USP, UFF, UERJ, UFRG, UFMG, UNIRIO, UNICAMP e muitas outras...TODAS PÚBLICAS!

7- A PUC/RJ é uma honrosa exceção neste inferno dantesco.

   E o pior é que tudo isto "é mais velho que andar pra frente"!


   Vida longa a longa manus do Estado Brasileiro!

   Em 14 de setembro de 2010, no saudoso Estado da Guanabara.

   Prof. Dr. Haroldo Nobre Lemos.

domingo, 15 de agosto de 2010

SERÁ QUE CRISTO AGUENTARIA SER PROFESSOR HOJE EM DIA?



   Hoje reproduzo um texto muito bem humorado, gentilmente enviado pelo Prof. Alex Werner Von Sidow que, acredito, deveria ser distribuído a todos os docentes antes dos Conselhos de Classe,COPAS (não é o naipe do baralho, nem as antessalas das cozinhas...e também jamais soube o significa mais esta insólita silgla), e demais runiões DE UTILIDADE PEDAGÓGICA DUVIDOSA as quais sou instado a comparecer! Com o perdão do abuso anglicista: "ENJOY!"


O Sermão da montanha (*versão para educadores*)

Naquele tempo, Jesus subiu a um monte seguido pela multidão e, sentado sobre uma grande pedra, deixou que os seus discípulos e seguidores se aproximassem.

Ele os preparava para serem os educadores capazes de transmitir a lição da Boa Nova a todos os homens.

Tomando a palavra, disse-lhes:

- “Em verdade, em verdade vos digo:

Felizes os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus.

Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados.

Felizes os misericordiosos, porque eles...”

Pedro o interrompeu:

- Mestre, vamos ter que saber isso de cor?

André perguntou:

- É pra copiar?

Filipe lamentou-se:

- Esqueci meu papiro!

Bartolomeu quis saber:

- Vai cair na prova?

João levantou a mão:

- Posso ir ao banheiro?

Judas Iscariotes resmungou:

- O que é que a gente vai ganhar com isso?

Judas Tadeu defendeu-se:

- Foi o outro Judas que perguntou!

Tomé questionou:

- Tem uma fórmula pra provar que isso tá certo?

Tiago Maior indagou:

- Vai valer nota?

Tiago Menor reclamou:

- Não ouvi nada, com esse grandão na minha frente.

Simão Zelote gritou, nervoso:

- Mas porque é que não dá logo a resposta e pronto!?

Mateus queixou-se:

- Eu não entendi nada, ninguém entendeu nada!


Um dos fariseus, que nunca tinha estado diante de uma multidão nem ensinado nada a ninguém, tomou a palavra e dirigiu-se a Jesus, dizendo:

- Isso que o senhor está fazendo é uma aula? Onde está o seu plano de curso e a avaliação diagnóstica? Quais são os objetivos gerais e específicos? Quais são as suas estratégias para o levantamento dos conhecimentos prévios?

Caifás emendou:

- Fez uma programação que inclua os temas transversais e atividades integradoras com outras disciplinas? E os espaços para incluir os parâmetros curriculares gerais? Elaborou os conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais?

Pilatos, sentado lá no fundão, disse a Jesus:

- Quero ver as avaliações da primeira, segunda e terceira etapas e reservo-me o direito de, ao final, aumentar as notas dos seus discípulos para que se cumpram as promessas do Imperador de um ensino de qualidade. Nem pensar em números e estatísticas que coloquem em dúvida a eficácia do nosso projeto. E vê lá se não vai reprovar alguém! Lembre-se que você ainda não é professor titular...


(Dennis Hamburger)


Aos quinze dias do mês de agosto, do ano da Graça de 2010, no Estado da Guanabara.
 
Prof. Haroldo Lemos.

terça-feira, 27 de julho de 2010

MAGISTÉRIO NÃO É SACERDÓCIO !


O textos a seguir referem-se a correspondência eletrônica havida entre mim e o Prof. Alex Von Sidow, ensejada por texto revelador de autoria da Sra. Ana d'Angelo. São eles:


BOA ESCOLA SÓ SE FAZ COM BONS PROFESORES. ELES DEVERIAM SER NATA DO FUNCIONALISMO, MAS RECEBEM COMO "BARNABÉS".
A que ponto chegou o ensino público no Brasil, nos últimos lugares do ENEM. É fato que vem agonizando há tempos. Mas não deveria ser assim. Afinal, o Brasil entrou no século XXI mais forte economicamente, mais respeitado no exterior, com instituições (com algumas exceções como o Congresso e o Judiciário) mais evoluídas.É um paradoxo que o ensino público esteja na contramão do desenvolvimento brasileiro.

Isso se deve basicamente a um fato: os baixos salários dos professores que afastaram os bons profissionais. Os de excelência que ainda resistem estão com o estímulo minguando a cada dia. Difícil se dedicar a um sistema que não é valorizado e que acaba deixando de atrair as melhores cabeças para pagar salários bem menores que outras carreiras que exigem menos dedicação e esforço. Eles tinham que ser a nata do funcionalismo, mas estão na base da pirâmide.
Estudei em escola pública, do jardim de infância à universidade. Tudo o que conquistei na vida devo à minha mãe, que deu um duro danado (e carrega as marcas físicas dessa vida difícil), e aos contribuintes brasileiros. Por isso, sempre foi doloroso, para mim, assistir à decadência da qualidade do ensino público. Na minha cidade natal, São João Del Rei, o Colégio Estadual Cônego Osvaldo Lustosa, que ficava num morro, era simplesmente o melhor e mais "apertado" da cidade. A prova de acesso era difícil. Era quase um vestibular. Os melhores professores estavam lá. Era "status" dar aula no Estadual, como era chamado. Faz tempo isso, reconheço.

Enquanto o país preferir pagar salários altos aos burocratas carregadores de papel e menos aos professores, continuaremos a assistir à supremacia da desigualdade e das injustiças. (os negritos são meus)

(Ana D'Angelo, ipsis litteris; repassado pelo Prof. Alex Von Sidow)


Caríssimo Alex

Quanto ao Ensino Público, sobremodo o estadual, este começou a ser "abandonado" pela classe média a partir do "milagre brasileiro" na década de 1970. Toda a elite e os aspirantes à mesma matriculavam seus filhos nos caríssimos e competentíssimos (desde sempre) colégios confessionais (S. Zacarias, S. Bento, Sto. Ignácio, Sto. Agostinho, Marista São José etc.) e naqueles de tradição estrangeira, a saber: Liceu Franco-Brasileiro (quando era vinculado ao Consulado Francês), Colégio Cruzeiro (dos alemães), St. Patrick (dos ingleses) e um número expressivo dos chamados "colégios de freiras", com destaque para: Regina Coeli e Sta. Marcelina.


Destes citados, grande parte continua prestando serviços de ótima qualidade e com resultados mais do que satisfatórios, isto é, colocar os filhos das elites nas Universidades Públicas. Esta inversão de valores (o "público" como objetivo e propriedade de poucos que advêm do "privado") foi o que ensejou, em grande parte, a política das cotas raciais e sociais. Mas essa é outra discussão.

O fato é que todos esses colégios foram prudentes em obter de volta os professores ditos "comunistas", banidos pela ditadura militar (ou mantiveram-nos...sempre que lhes foi possível) e pagar excelentes salários, além de terem à mão condições ótimas de trabalho. Falo dos “multimeios” e infra-estrutura, modo geral. Este último item abrange a importantíssima e tão decantada “valorização do profissional” ou “promoção humana”, tanto faz. Refiro-me aos benefícios, diretos e indiretos (planos de saúde, adiantamentos salariais, colônias de férias, convênios institucionais para aperfeiçoamento acadêmico etc.) ainda mantidos por boa parte dessas casas de Educação.

À guisa de ilustração, aquele que fora o “Colégio Padrão” até o final da década de 1960, o nosso vetusto Colégio Pedro II, encontrava-se em desgraça. Aí não há como deixar de citar o desastre que foi a administração do Prof. Wandick Londres da Nóbrega que quase fez desmoronar a Velha Casa, salva pelo Ministro Raymundo Moniz de Aragão que exonerou Wandick e nomeou o saudoso Prof. Tito Urbano da Silveira para a Diretoria Geral que, gostem alguns, ou não, soergueu a Instituição.

Também vale recordar que da segunda metade da década de 1960 até o final de 1970 , as escolas técnicas eram consideradas pelas elites (tanto as verdadeiras como as que deviam aos bancos), “antros de comunistas”, reduto de operários etc. Eram instituições de “segunda classe” cujos serviços não eram de interesse (imediato) da classe média. Seus rebentos mereciam algo muito melhor e que lhes assegurassem diplomas de universidades públicas, sempre que possível.

Na esteira desses acontecimentos proliferaram os “cursinhos” pré-vestibulares que, de modo inteligente, arregimentaram excelentes professores, alguns ex-torturados que haviam perdido seus cargos públicos e empregos, a exemplo do brilhante historiador alagoano, Prof. Manoel Maurício de Albuquerque, de quem tive a honra e o prazer de ser aluno.

Os salários desses mestres com cargas horárias que chegavam a 80 horas semanais (domingo a domingo) chegavam a ultrapassar o valor de um carro popular da época...o fusca. Ou seja, ganhava-se um volkswagen por mês.

Neste cenário, os poderes executivo e legislativo sentiram-se absolutamente a cavaleiro para reduzir as verbas do ensino público. Não é de hoje que os governos, sobretudo estaduais e municipais, ao falarem em corte de gastos, caem de dentes e garras em cima da Educação e da Saúde.

A deterioração dos níveis salariais dos docentes públicos atingiu seu auge nos alvores dos anos 1980, tanto no âmbito do Estado como no Federal. Toda esta década foi eivada de movimentos políticos (criação de sindicatos e associações de docentes públicos e servidores administrativos, graças ao arrefecimento ditatorial) que buscaram reverter os danos salariais provocados por sucessivas e infelizes atuações dos governos em todos os níveis. Foi uma enxurrada de ações judiciais coletivas e individuais, muitas delas até hoje sem trânsito em julgado, isto é, sem conclusão.


Em suma, estamos, desde 1984, “correndo atrás” de nossos prejuízos, numa exaustiva trilha sigmoide que só tem nos desgastado intelectual e fisicamente. Penso que “jamais se viu antes na história deste País”, nos termos do Sr. Presidente da República, uma classe de profissionais, juntamente com os médicos, tão depauperada quanto a dos professores. Abundam as tendinites, hipertensões, próteses cardiovasculares, quadros de depressão e de angústia que se retroalimentam num cenário que, seguramente, relaciona-se de forma direta com a insegurança financeira.

Basta o correr dos olhos em muitos contra-cheques de professores para horrorizar-se com a quantidade de descontos obrigatórios e outros, tais como os empréstimos consignados, para se ter idéia do quão reféns estão esses profissionais da agiotagem institucionalizada.

Por derradeiro, pois temo já me tornar enfadonho, o tão proclamado “ensino de qualidade” (vício léxico que substitui a locução “ensino de boa qualidade”) está, sim, de modo inexorável, ligado ao valor da remuneração. Esse “papo-furado” de “sacerdócio do magistério” só teve sentido nos tempos em que éramos nivelados com magistrados e generais-de-divisão. Mas isso foi há muito tempo!

PS: outro entrave à boa educação pública é a dificuldade absurda de se obter recursos financeiros e adquirir insumos em face da tal lei de licitações. Some-se a isso a dificuldade em obter autorização para a realização de concursos públicos para provimento de cargos, tendo-se que lançar mão de expediente maldito, o dos contratos temporários que incrementam ainda mais o afastamento dos bons professores. Mas isso é tema para outra conversa.


Receba um fraternal abraço deste colega que muito o estima e subscreve-se, com muita atenção,


Rio de Janeiro, 27 de julho de 2010.


Prof. Haroldo Lemos.






















domingo, 11 de julho de 2010

CASO BRUNO...CLAMOR POPULAR, EXORCISMO SOCIAL E JUSTIÇA(?).


Com todos os holofotes midiáticos,a imprensa grande, pequena, microscópica, redes e retículas de relacionamento (?) social ,todos voltados para o caso do suposto envolvimento do goleiro Bruno em um assassinato com detalhes funestos, é impossível livrarmo-nos da tentação de tecer um nosso comentário sobre a celeuma.


Se o moço é culpado ou não, isto é assunto para a polícia esclarecer e para a justiça julgar. Ou, ao menos, deveria ser. Mas não é isso que ocorre em lugar nenhum do mundo, principalmente se existe o tal "clamor público" por justiça. A isto, o renomado psiquiatra forense, Prof. Dr. Talvane de Moraes, batizou de "exorcismo social".

Explico: o caso em tela tem cortornos tão pavorosos e o suspeito da culpa está tão próximo, que a sociedade quer livrar-se dele o mais depressa possível. Para o experiente professor que, há mais de 40 anos, estuda as mentes criminosas, a reação dos familiares dos detentos de um dos presídios de Bangú à chegada de Bruno, foi, no mínimo, curiosa. Mesmo tendo um (ou mais) entes queridos presos nesse complexo penitenciário, muitos por homicídio, berraram: "assassino, assassino..."! Todos os noticiários televisivos internéticos e congêres, mostraram a mesma cena. Mas, poucos se deram conta desse fato. Eu, inclusive! É o tal "exorcismo social" manifestando-se alimentado fartamente pela imprensa que não deixa ninguém falar de outra coisa.


O mesmo "clamor público" gerou este mesmo "exorcismo" no caso Von Richthofen (2002) onde a jovem, bela e rica Susanne planejou e participou dos bárbaros assassinatos de seus pai e mãe.


De certo, sem o acompanhamento diuturno da imprensa, sem os famosos delegados e promotores atrás de seus tantos minutos de fama, penso que tanto o clamor quanto o exorcismo não se fariam sentir. Não nego o facto de todos terem o direito de saber dos acontecimentos e emitirem seus juízos. Mesmo que eles só sirvam para tema de conversa de botequim, papo-furado no tuíter ou como mote de anedotas de extremo mau-gosto.


Mas e quanto ao jornalista Pimenta Neves que, em agosto de 2000, matou com dois tiros dados pelas costas (um na cabeça...típico de executores) a também jornalista Sandra Gomide? Foi um homicídio duplamente qualificado (sem dar chance de defesa à vítima e de motivação torpe) no qual o réu confesso ficou em liberdade, após um habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal em 2001, por considerar que o Sr. Pimenta não oferecia perigo à sociedade. Em 2006 ele foi julgado e condenado a cumprir 19 anos do prisão. Desses, não cumpriu sequer um minuto...até hoje. Vai recorrendo, movendo uma fabulosa máquina advocatícia...e lá se vão quase dez anos. E dele a imprensa, onde ainda tem muitos amigos, pouco ou nada fala. Virou notícia velha que não causa "clamor público", não evoca "exorcismo social" e nem vende jornal.


Mas e o Bruno? Bem, a considerar o que diz o delegado mineiro Edson Moreira e que a imprensa falada e escrita vem empregando como única fonte segura de informações, o ex-goleiro do Flamengo já está condenado. A quê? Não faço a menor idéia! Mas tal como disse o delegado ao referir-se sobre o sumiço do cádáver, (sic) "a paciência é uma virtude".


A propósito, as buscas pelos restos mortais de Elízia Samudio foram interrompidas nesta sexta-feira (09/07) porque o delegado precisou viajar para o noroeste de Minas Gerais. Tinha que estar presente no casamento de seu colega, o delegado Wagner Pinto. O casório deu-se em Unaí, distante 600km da capital e para lá também foram outros delegados e vários policiais.


Mas as buscas serão retomadas na 2ª feira. Foi a mídia que disse. Que coisa !!


Em 11 de junho de 2010.


Prof. Haroldo Lemos

segunda-feira, 7 de junho de 2010

O que você está lendo?

O que você está lendo?
*Originalmente publicado em Minha Carreira

Por que o brasileiro só lê um livro por ano, enquanto o europeu lê sete, oito vezes mais? Por que existem no país mais de 70 milhões de pessoas que não leem? Algumas razões possíveis: baixo nível cultural de um povo com 21 milhões de analfabetos, poder de compra insuficiente em relação aos preços altos dos livros, falta de hábito, concorrência da televisão e outros meios de entretenimento.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

CONHECE-TE A TI MESMO...SEXUALMENTE!


Sempre que a mídia impressa arvora-se em discorrer sobre sexualidade, ou, se preferirem, comportamento sexual, lança mão de alguns trabalhos clássicos e pesquisas feitas alhures, isto é, nos E.U.A. e em países europeus. E daí tiram conclusões, ou ainda, induzem seus leitores a concluir isto ou aquilo, a partir de realidades que nada têm a ver com o Brasil, por razões históricas, geográficas, socioeconômicas, culturais etc.


A prestigiosa revista "Carta Capital", na edição de nº 594, de 05 de maio do corrente ano, não fugiu a esta regra com a matéria intitulada "Revolução Bem-Comportada".


A matéria assinada por Cynara Menezes, apesar de muito bem redigida, comete esse pecado que cada vez mais se agiganta dentre aqueles que pretendem abordar o tema "sexo". Refiro-me ao desconhecimento da sexualidade brasileira.


Apesar de todas as referências citadas quanto ao "pai" da pílula anticoncepcional, Dr. John Rock que, na década de 1960, possibilitou o sexo sem procriação e, por conseguinte, o sexo entre solteiros (para horror do puritanismo norteamericano e da Igreja), a interessante correlação das idéias e trabalhos de Helen Gurley Brown, autora de Sex and the Young Girl (literalmente, Sexo e a Garota Jovem) que vendeu dois milhões de cópias em uma semana, com os fatos atuais (o seriado de TV Sex and the City, por exemplo), os dados e informações remetem, invariavelmente, às constatações do biólogo (entomologista = especialista em insetos) Alfred Kinsey, PhD, publicadas em seus Relatórios (de 1948, sobre a sexualidade masculina e de 1953, sobre sexualidade feminina, ambos republicados em 1998) e aquelas apresentadas pela Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde, em 2006, nos Estados Unidos.


É notório o desconhecimento e a falta de interesse daqueles que não militam na área da Saúde e/ou Educação, e a imprensa em geral, sobre a sexualidade brasileira, de sorte que a mídia está sempre a citar fontes estadunidenses e européias como se fosse possível estender-se tais observações ao comportamento sexual do brasileiro, ou pior, às sociedades em geral.


"Os pesquisadores garantem que, comparando o comportamento sexual de europeus e americanos, estes últimos condenam mais o sexo e são menos informados. Paradoxalmente, são mais ativos e têm maior número de parceiros (as)." É o que informa a Dra. Carmita Abdo, PhD, em sua excelente obra "Descobrimento Sexual do Brasil: para curiosos e estudiosos", de 2004, na qual a autora -- psiquiatra e coordenadora do Projeto Sexualidade (ProSex) do Instituto de Psquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo -- apresenta de modo simples, pedagógico e ricamente ilustrado com gráficos e histogramas de fácil compreensão para os não iniciados nas ciências biomédicas, uma detalhadíssima "ressonância magnética", muito mais que um simples raio-X, da sexualidade do povo brasileiro.


Para atingir tal desiderato, a autora e sua equipe formularam um questionário de grande amplitude (são 87 itens e muito subitens) que permitiu estabelecer o panorama citado ao cimo, que, por seu turno, envolve aspectos sociológicos, psicológicos e clínicos de 7.103 brasileiros e brasileiras das cinco regiões do Brasil presentes em parques, shoppings, praias etc. É um trabalho seriíssimo e de caráter consultivo para aqueles que pretendem, em algum momento, abordar o tema "sexo", tal como é praticado no Brasil e seus desdobramentos. Isto fica cristalino quando a autora refere: "E entre nós, qual é o quadro da orientação sexual? Quantos são os hetero, os homo e os bissexuais?", deixando claro que a discussão que envolve orientação sexual versus opção sexual é letra morta para os estudiosos e apanágio dos ignorantes.


Não existe, é sabido e confirmado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) há mais de uma década, "opção" quando se trata de sexualidade. Como se ela fosse um ato de escolha unilateral que o ser humano faz em dado momento de sua existência. A sexualidade é, isto sim, um fenômeno de natureza biopsicossocial, quer dizer, sua composição é de natureza multifatorial e envolve aspectos biológicos (talvez genéticos), psicológicos e culturais. Para a OMS, as sexualidades (homo, hetero ou bi) são expressões naturais do indivíduo e o sexo, desde que praticado com responsabilidade, sem pôr em risco a vida de quem quer que seja, não gerando gravidez indesejável e/ou constrangimento, nem sofrimento de qualquer natureza aos praticantes ou à sociedade, é absolutamente aceitável posto que é parte da fisiologia e do psiquismo naturais do homo sapiens...desde que ele surgiu!


Nada diferente do que, recentemente, verbalizou o Sr. Ministro da Saúde, Dr. José Gomes Temporão, preconizando: "...sejam felizes, dancem e façam sexo!". O estardalhaço pseudomoralista que a grande imprensa tentou fazer com tal assertiva, de caráter nitidamente político, não prosperou. Mais um sintoma da tentativa da mídia de estabelecer aqui, na Terra Brasilis, uma "moralidade" a la Tio Sam, com "base" em seu desconhecimento da sexualidade brasileira.


A pesquisa da Profª. Dra. Carmita Abdo e seus colaboradores esclarece ainda aspectos sociológicos ao relacionar sexualidade com: o uso e o abuso de bebida alcoólica, cansaço físico, estresse, masturbação, o sexo na adolescência e muitos outros fatores que, usualmente, perpassam as vidas de todos, nem sempre de modo agradável, sequer construtivo. Segundo o Dr. Sigmund Freud, daí deriva um montão de traumas e, por outro lado, como o próprio doutor referiu: "há ocasiões em que um charuto...é apenas um charuto."


Digressões a parte, o próprio título desta obra fundamental, já indica seu escopo, isto é, o "Conhecimento Sexual...". Na verdade, permite tanto ao estudioso quanto ao curioso, aprender a se auto-conhecer sexualmente, sem teorizações filosóficas, nem tergiversações escolásticas inúteis (muito ao gosto de algumas religiões) que, constantemente, têm caráter doutrinário, repressor e frustrante. É pura ciência do mais alto nível !


Outro detalhe do texto são os destaques que a autora faz dos aspectos mais importantes de cada capítulo, circunscrevendo-os em cor laranja...como dicas importantes que não devem ser esquecidas. Por exemplo:


"...ignorar a atividade sexual dos adolescentes causa mais problemas do que os resolve."


"O uso de preservativo em todas as relações sexuais é praticado por menos de 30% das mulheres e pouco mais que isso pelos homens."


"Homens e mulheres já acometidos por DST e/ou AIDS que nos revelaram esse fato somam 32,8% dos brasileiros. Um número preocupante."


"O principal motivo alegado para não usar camisinha é o fato de o(a) parceiro(a) ser fixo(a). Ou pensa-se que é fixo(a)..."


"...somando-se os números masculinos e femininos, de cada dez brasileiros, três não chegam ao clímax."


"Não há acaso na vida intra-psíquica, assim como não há cartilha para o sexo."


Encerro esta postagem com as palavras da autora que revigoram tudo o que foi dito antes e nos convidam a um estudo deleitoso de algo tão importante nas vidas de mulheres e homens, jovens ou não, seja lá qual for sua orientação sexual, seu credo, seu time do coração ou seu partido político.


"Mas para que serviu, enfim, esse descobrimento?

Para podermos trabalhar com nossos próprios dados de realidade e, desse modo, gerar alternativas que contemplem, de fato, as exigências de saúde e educação de nossa gente; para as futuras gerações conhecerem nossa história sexual e dela se apropriarem como meio de avanço e amadurecimento."


Felicidades a todos...e faço minhas as palavras do Ministro Temporão...com a devida vênia!


Rio de Janeiro, 14 de maio de 2010.


Prof. Dr. Haroldo Nobre Lemos.

domingo, 9 de maio de 2010

Um papo livre sobre Comunicação


*Originalmente publicado em Papo Livre

A Conferência Nacional de Comunicação (Confecom) que este País já viu foi realizada no final do ano passado e até agora pouco se tem falado sobre seus principais resultados, o que, aliás, em nada nos surpreende uma vez que o boicote começou de muito antes, quando ainda se discutia a possibilidade de se realizar o evento.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Comunicação Social em Discussão

Palestra discutirá o futuro da Comunicação

Amanhã, 04/05, às 19h, o OI Casa Grande receberá o professor da Escola de Comunicação da UFRJ, Marcos Dantas e o jornalista, pesquisador e escritor Nilo Sérgio Gomes. Lá eles discutirão os efeitos e conclusões obtidas na 1ª Conferência Nacional de Comunicação (Confecom). A Conferência, realizada em dezembro de 2009, em Brasília, reuniu diversos setores da sociedade para discutir as novas diretrizes para o melhor aproveitamento do poder da comunicação nos dias de hoje. Nela estavam presentes representantes do governo, dos movimentos sociais que lutam pelo direito à Comunicação e do empresariado.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

AS PRAGAS LÉXICAS


“Se os aracnídeos têm épocas e lugares de reprodução, as pragas liguísticas estão libertas das estações do ano e das limitações geográficas. ‘A nível de’ é a importunação do momento, só não desagradável aos levianos novidadeiros que consideram manifestação de progresso a introdução de pragas léxicas e fraseológicas: ‘reunião a nível de ministros’, ‘protesto a nível de operários’, ‘congresso a nível de empresários’. ‘tornou-se conhecida a nível internacional’.

Por que ‘tornou-se conhecida a nível internacional’ em lugar da costumeira construção ‘tornou-se conhecida internacionalmente’?
Por que ‘reunião a nível de ministros’ em vez de ‘reunião ministerial’, ‘ reunião de ministros’? Por que ‘a nível de símios’ em vez de ‘simiescamente’ ou ‘como símios’? (...)

Esconjuramo-nos da nossa sorte de professor de português porque não sabemos elevar-nos a patronhosas e enfadonhas invencionices como a de ‘a nível de’.”


Este excerto foi retirado da obra “Dicionário de Questões Vernáculas”, do Prof. Napoleão Mendes de Almeida, de 1994, e reflete de modo exato o inferno linguístico ao qual estou miseravelmente condenado. E, pelo que parece, sem direito a salvação ou a um estágio prévio no purgatório fonético.

Isto porque as pragas léxicas invadiram e permearam quase tudo. Colégios (mesmo os campeões dos ENEMs da vida), os jornais, revistas, universidades e, por óbvio, o monstro maldito de que Marshall Mc Luhan falava, a televisão, difundem essas pragas com tal velocidade e alcance que parece impossível livrar-se delas. Ou, pior, acabar infestado, mesmo que vez por outra.

Alguns vícios de linguagem estão definitivamente contaminando o coloquial que um dia foi cuidado e agora é, concessa maxima venia, esculhambado. Senão vejamos alguns exemplos:

1- INDEPENDENTE- adjetivo que, como tal, vem depois do substantivo ---a não ser que se opte pelo anglicismo ao fazê-lo de modo contrário --- mas que virou advérbio de modo, isto é, está substituindo a forma correta: INDEPENDENTEMENTE. Daí que se tem: “...o Zé torce pelo flamengo , independente de ser de família de portugueses”; “ a corrupção nunca esteve tão em alta, idependente dos esforços do ministério público”; “ Independente disso, a reunião correu bem”. Em todos os casos citados, o correto seria o emprego da locução adverbial "independentemente".

2- ENTROU DENTRO – essa praga dispensa comentários. A menos que alguém tenha descoberto um jeito de se “entrar fora”. Desta, o Sr. José Eugênio Soares, vulgo Jô Soares, tido e havido como intelectual, faz uso constante.

3- SUBIU EM CIMA – essa segue o mesmo esquema da anterior e recebe o mesmo comentário: é possível “subir em baixo”?

4- TRENO – essa é muito empregada pelos treinadores esportivos e professores de educação física, e também por José Eugênio. Em verdade está a significar TREINO, o substantivo do verbo treinar. “Treno”, é um trenó sem acento. O que pode levar a pensar em “assento”. Coitado do Papai Noel.

5- SÃO MEIO DIA – praga frequentemente empregada pela Sra. Gabriela Hilário, jornalista da rádio BAND-News FM. Na hora seguinte ela persiste no erro e nos fuzila com um “são uma hora e vinte minutos”. E olhe que o slogan da rádio refere que “em vinte minutos, tudo pode mudar”. Muda mesmo?

6- PERTUBAR – em vez de PERTURBAR. Certa vez, um professor ao reclamar do comportamento de um aluno insistia, em conselho de classe, que o mesmo o pertubava muito. Perguntei-lhe como isso seria possível. Afinal, o aluno em questão teria de atravessar o professor por uma tuba, já que per é preposição arcaica que significa através de, e tuba um grande instrumento musical de sopro. Embora o professor fosse magrinho, a missão continuaria sendo impossível. Enfim, o aluno concluiu seu curso e o professor continua lá...“pertubando” todo mundo com sua ignorância.

7- QUALIDADE DE VIDA - que é coisa que todo mundo tem. Menos os que estão mortos, por óbvio. O vocábulo "qualidade" não é sinônimo de "boa qualidade". É apenas um substantivo a exigir adjetivo. Para que se tenha "qualidade de vida", basta que se esteja vivo. Mas pode ser um moribundo (péssima qualidade de vida), um funcionário concursado do senado (boa qualidade de vida) ou um funcionário do senado colocado lá pelo Agaciel Maia (um agaci-boy), a pedido do José Sarney (excelentíssima qualidade de vida). Mas o diabo da linguística e o Zé Sarney já consagraram a locução pelo uso e pelo abuso. Fazer o quê?


E muitos mais são os exemplos. Daria para compor um “dicionário” de pragas léxicas...fica a idéia para os senhores filólogos. É o resultado de uma educação capenga que vem abolindo a boa leitura (LIVROS) e o exercício da REDAÇÃO em favor da grande rede de computadores...a internet. Recente pesquisa internacional mostrou que, apesar da crise econômica, os estadunidenses, britânicos, franceses e alemães, gastam a terça parte de seus ganhos laborais com livros, lendo uma média, calculada por baixo, de cinco a dez livros por ano, reduzindo, inclusive, suas idas aos restaurantes para poderem dedicar-se mais ao deleite de uma boa leitura.

E aqui, nas Terras de Santa Maria, os poucos que dizem apreciar leitura incluem dentre suas preferências os livros de Paulo Coelho. Os comentários acerca de sub-literatura são desnecessários neste ponto.

Mas o facto é que ler e escrever razoavelmente bem tornou-se um diferencial importante na busca de posições no mercado de trabalho. Que os senhores estudantes possam fazer bom uso dessa informação, pois, quem não lê, não fala e não escreve. Pelo menos de forma que seja aproveitável.


Prof. Haroldo Nobre Lemos (que não leciona Língua Portuguesa e escusa-se, desde já, pelos erros), aos sete dias do fevereiro de 2010.