sábado, 29 de outubro de 2011

A ESPIRAL DA INSENSATEZ (por Silvio Caccia Bava)

    Silvio Caccia Bava é editor do jornal "Le Monde Diplomatique Brasil" e coordenador geral do Instituto Pólis e, nesta análise da conjuntura mundial, demomstra uma excepcional capacidade de síntese dos fatos mais momentosos. É leitura obrigatória para todos os queiram compreender, ou, ao menos, tentar, o que se passa mundo afora e "mundo adentro", isto é, aqui, nas Terras de Santa Maria.

   O texto reproduzido abaixo, constitui seu editorial para o periódico "Le Monde Diplomatique Brasil", publicado no nº 51, de outubro de 2011, sob o título "A Espiral da Insensatez". É o que segue:

   "Agora não é mais uma bolha que explode. É uma crise sistêmica e planetária do modelo de capitalismo financeirizado que domina o mundo. Ninguém escapa dela.



   Tal como grandes animais predadores, as grandes corporações financeiras internacionais estão devastando o tecido social europeu, criando uma zona de crescente instabilidade política e colocando em risco a economia global, mas também estão criando espaços para sua contestação.


   Desde meados dos anos 1980 essas grandes corporações financeiras internacionais se fortalecem. Hoje elas controlam os governos e os organismos multilaterais, como o FMI, o Banco Mundial e o Banco Central Europeu. Isso ficou claro na crise de 2007/2008, quando um grupo dos mais importantes executivos, reunido com o FMI, impôs aos governos nacionais que se endividassem para salvar os grandes bancos privados. E os governos se endividaram muito além de sua capacidade.


   Esse endividamento golpeou o governo da Irlanda, da Grécia, de Portugal, da Espanha e da Itália, e coloca sob ameaça mesmo a França e a Inglaterra. E para salvar esses países do default(calote) da dívida pública, novos pacotes de volumosos empréstimos foram mobilizados, com uma importante participação das grandes corporações financeiras internacionais, que viram nessas operações, com taxas de juros recordes, a possibilidade de grandes ganhos.


   A crise, no entanto, recrudesce. A receita amarga das brutais políticas nacionais de ajuste, isto é, os cortes no orçamento público, nos salários, nas aposentadorias e nas políticas sociais não são suficientes para que esses governos paguem o que devem. E assim vai se desenhando uma espiral descendente cujo horizonte é mais recessão.


   Quando esses grandes bancos privados perceberam o novo risco de defaulte viram o valor de suas ações despencar, mobilizaram outra vez os governos e a União Europeia, para garantir não só processos de recapitalização, mas também seus investimentos em bônus do tesouro de vários países. Numa conjuntura tão delicada, os conflitos de interesses no seio da União Europeia estão impedindo até o momento políticas regionais articuladas de enfrentamento da crise. Esse imobilismo faz que os riscos de desastre cresçam.


   O que está em questão é o poder dessas grandes corporações financeiras internacionais. Se elas continuarem governando o mundo, a crise só se aprofundará. Abre-se então um novo campo de debate. Como superar essa crise?


   O que era inimaginável poucos anos atrás está sendo discutido como uma das opções: a estatização do sistema financeiro privado − algo que a Índia já fez há mais de dez anos.


   Aliás, vale lembrar que tanto a Índia como o Brasil (que tem 48% de seu sistema financeiro nas mãos de bancos públicos), pela importância do sistema financeiro público, puderam tomar medidas coordenadas de políticas anticíclicas e assim reduzir o impacto da crise de 2007/2008 sobre sua economia e sociedade.


   Uma alternativa em discussão é a proibição da operação com derivativos: trata-se de impedir o sistema financeiro de especular e operar sem o necessário lastro de riqueza. Mas essa é uma política que necessita de coordenação internacional, e os atuais organismos de regulação internacional estão capturados pelos donos do poder.


   Também volta como proposta a auditoria das dívidas públicas, as contraídas pelos governos. Experiências recentes, como a do Equador, resultaram em substancial redução de seu valor.


   Os novos movimentos sociais impulsionados pela juventude na Espanha, na Grécia e no Chile vão além. Eles também querem a estatização dos bancos privados, mas trazem outras propostas: o fim das heranças e o salário-base de 30 mil euros anuais para todos, empregados e desempregados. No Chile, os estudantes não estão interessados em negociar com o Congresso; querem um plebiscito para definir que educação não pode ser objeto de lucro. Tem de ser pública, universal, gratuita e de qualidade.


   Enquanto essas propostas ainda não ganham corpo, os grandes bancos buscam criar soluções para garantir sua própria sobrevivência. Para eles, trata-se de corrigir falhas do sistema, não de questioná-lo.


   As propostas vão desde o patético apelo do bilionário Warren Buffet − de que os ricos precisam pagar mais impostos, com o que as grandes corporações discordam plenamente, e o Tea Party, nos Estados Unidos, está igualmente em radical discordância − até a versão da Taxa Tobin para os ricos, uma taxa sobre as transações financeiras, cujos recursos seriam destinados a um fundo europeu de estabilização para a recapitalização de bancos em dificuldades.


   É da natureza do bicho. As grandes corporações não olham para o interesse público; elas têm como objetivo o máximo lucro. E, se os governos não foram capazes de impor essa dimensão de regulação pública à sua atuação, é porque foram capturados por ela. Isso compromete o sistema político e a democracia.


   Os governos, com as políticas de ajuste, passaram a estar contra as maiorias. E, se o sistema político está controlado, sem condições de ser a arena pública da disputa e dos conflitos, da negociação, então as tensões ganham as ruas. A crise sistêmica é também a crise do sistema político.


   Silvio Caccia Bava."

   Numa palavra...irretocável!

   Abraço a todos.

   Aos 29 dias do outubro de 2011, no saudoso Estado da Guanabara.

   Prof. Dr. Haroldo Nobre Lemos.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

A GREVE NÃO TERMINARÁ NA SEMANA QUE INICIA HOJE !

GREVE: ERREI TODAS AS MINHAS ESPERANÇOSAS  PREVISÕES, ATÉ O MOMENTO, MAS NÃO AS ANÁLISES...É O QUE SEGUE ABAIXO.

   Entrar em greve é mais fácil do que sair, todo mundo sabe disso. De fato, quando temos diversas entidades representativas envolvidas num processo de negociações políticas--caso de uma greve, p.ex.—a coisa toda se transforma num formidável jogo de xadrez, fato que para alguns chega a ser até estimulante do ponto de vista psicológico, mas que traz inequívocos prejuízos aos recebedores dos serviços.

   E são estes prejuízos que, em princípio, devem (ou deveriam) forçar o patrão (dona Dilma, no caso) a negociar através de seus prepostos. Nesse caso são: o ministro da Educação (MEC), Dr. Fernando Haddad e a ministra de Planejamento Orçamento e Gestão, Dra. Miriam Belchior que, por sua vez, tem falado através de seu secretário de Recursos Humanos, Dr. Duvanier Paiva Ferreira.

PARA ENTENDER MELHOR

   A pauta de reivindicações é vastíssima, o que, em meu humilde entendimento, dificulta muito a reunião de todos os interesses de professores e funcionários. As vezes coincidem , outras vezes, não. Contudo, nos pontos em que há consenso essa unificação fica óbvia. Cito apenas um e gravíssimo: o perigo que significam os Projetos de Lei (PL) que estão no Congresso Nacional e que podem resultar em congelamento de salários por até 10 anos, a exemplo do que fez o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Ele os congelou durante os oito anos de seus dois mandatos e Lula prosseguiu o congelamento por mais dois anos, totalizando dez.

De certo, houve perdas nas recomposições salariais que se seguiram e que são agravadas, agora, pela inflação crescente.


 QUEM FALA POR NÓS junto ao governo são as entidades representativas. E quem são elas?

No âmbito do CPII: a Associação de Docentes do Colégio Pedro II (ADCPII) e o Sindicato dos Servidores do Colégio Pedro II (SINDSCOPE), cuja maior parte de associados é composta de servidores administrativos.


   Em âmbito nacional os “atores” são: Federação de Sindicatos de Trabalhadores das Universidades Brasileiras (FASUBRA), Sindicado Nacional de Docentes de Ensino Superior (ANDES-SN), Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (SINASEFE), Associação Nacional dos Dirigentes de Instituições de Ensino Superior (ANDIFES), Fórum de Professores das Instituições Federais de Ensino Superior (PROIFES), Central Única de Trabalhadores (CUT), Federação dos Sindicatos de Trabalhadores das Universidades Brasileiras (FASUBRA) e, "last, but not least", a Central Sindical e Popular (CONLUTAS).

QUEM ESTÁ DO LADO DO GOVERNO DILMA NESTA GREVE? 

R: ANDES, PROIFES  e CUT.

QUEM ESTÁ A FAVOR DOS GREVISTAS?

R: SINASEFE, FASUBRA e CONLUTAS

OBS: há algumas dissidências em todas essas entidades, o que faz parte do jogo democrático.

O QUE SE TEM HOJE, DE FATO?

   Só nas últimas duas semanas é que se conseguiu avançar, de facto, junto ao Poder Executivo, leia-se dona Dilma, que, a princípio, sequer enviava seus prepostos de primeiro escalão, isto é, os ministros envolvidos, para dialogar. Logo, não faria sentido recuar nesse momento.

CONCLUSÃO:  A GREVE NÃO TERMINARÁ NA SEMANA QUE INICIA HOJE !


   OBSERVAÇÃO IMPORTANTE.

Em todo movimento político há que se ter sensibilidade para o momento de deflagração do mesmo. No presente caso, houve entendimento geral que ESTE é o momento, haja vista o cenário político que está mais ou menos assim: Dona Dilma - tem maioria no Congresso e no Supremo Tribunal Federal (Lula indicou oito ministros para o STF e dona Dilma está em vias de indicar mais um, para a vaga da Ministra Helen Gracie...no total, eles são onze!....façam as contas!); Dr. Fernando Haddad concorrerá, ano que vem, à Prefeitura da Cidade de São Paulo.

   A Advocacia Geral da União (AGU), quer dizer, os advogados do governo, correm em paralelo tentando obter o corte do ponto dos grevistas como forma de pressão. Jogo sujíssimo, mas o fazem ex officio (por obrigação do serviço).

   Então, "a hora é esta!", segundo os líderes do movimento.

   Com muita preocupação, subscrevo-me,

   Em 19 de setembro de 2011.

   Prof. Dr. Haroldo Nobre lemos.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

NÃO ME ENCAIXO EM IGREJA MODERNINHA!

   Muitas pessoas queridas perguntam-me com certa e irritante frequência, se abandonei a Igreja. Digo-lhes que não! Minha fé católica continuará inabalável até meu último segundo de vida. Contudo, os abusos e desrespeitos litúrgicos agravados pelo movimento neopentecostal dos anos 1970 que se somaram a outros de natureza protestante, nos EUA e por toda América Latina, impregnaram as paróquias e deturparam um dos mais ricos e belos tesouros da humanidade, a Liturgia Católica.

   Hoje, me é impossível assistir às missas ditas “populares” mal celebradas por padres com mais vocação para cantores de churrascaria de estrada do que para sacerdotes. Não gosto de “modernices” e “populismos” e, graças a Deus, não preciso deles!

   Restou-me, mercê de Deus, a missa das 18 horas da Igreja Abacial do Mosteiro de São Bento, logo após a Liturgia das Horas, em sempre inspirador canto gregoriano entoado pelos monges.

   A foto e o texto aqui anexados explicam de modo cristalino o que sinto.

PS: a foto é de um grupo de jovens fazendo “exercícios” para receberem o Sacramento da Crisma, isto é, a confirmação, por livre escolha, de seu batismo e de sua adesão à Igreja. Que coisa!


Iniciativas litúrgicas arbitrárias

Por Cônego José Geraldo Vidigal de Carvalho

   A grande preocupação dos Papas desde Paulo VI tem sido preservar a harmonia própria ao culto católico sobre o plano litúrgico e religioso. Embora as veleidades fantasiosas que pulularam logo após o Vaticano II tenham diminuído prevalece ainda a tendência em dessacralizar a Liturgia. Isto significa, porém, a demolição do culto autêntico, levando consigo de roldão equívocos doutrinais, disciplinares e pastorais.

   Trata-se de uma desintegração aberrante de fundas conseqüências. No fundo prevalece um espírito anticanônico e uma aversão às rubricas tais como se acham no Missal Romano. A beleza, a verdade, a espiritualidade que devem fluir das cerimônias, dos cânticos, das atitudes dos participantes ficam gravemente afetadas. Ofusca-se, deste modo, o mistério pascal e a glória de Deus resta comprometida, incrementando-se não a piedade, mas ensejando todo tipo de distrações. Muitas vezes impera um horizontalismo que leva o povo a celebrar a si mesmo no lugar de comemorar os Mistérios de Cristo.

   A Liturgia não é nunca propriedade do fiel, nem do celebrante, nem da comunidade. Não se trata de uma peça literária que se inventa. Ela compreende, com efeito, elementos permanentes que emanam do Redentor, como são os componentes essenciais dos Sacramentos, sendo que há, outrossim, elementos variáveis que são cuidadosamente transmitidos e conservados pela Igreja. Cumpre uma educação religiosa profunda para que toda a riqueza da linguagem litúrgica seja vivida em sua plenitude.

   É ponto basilar fixar que a assembléia se reúne para um encontro com Cristo ao qual deve responder com a adesão à Palavra, a ação de graças, a recordação da salvação, o louvor, a súplica, tudo isto levando a um sério compromisso existencial. O que obscurece tal finalidade deve ser evitado.

   Eis por que toda teatralidade agride a participação plena e ativa do povo, impedindo que se colham frutos espirituais. Donde um preparo esmerado a cada semana é de vital importância. Esta inclui a preparação das leituras, uma vez que erros gramaticais graves são aquilo que os experts em comunicação chamam de ruído. Por vezes provocam até comentários em plena celebração por parte de participantes que captam a agressão à língua pátria, impedindo a inserção no mistério. Um denodado leigo missionário de notável formação teológica se queixava com este articulista sobre certas Missas em praça pública durante as quais pessoas saem para comprar picolé, pipoca e outras guloseimas (sic) e retornam com as mesmas acintosamente as deglutindo.

   Nunca é demais alertar para certos cantos que, sem a aprovação eclesiástica, são introduzidos ou com ritmos carnavalescos ou com letras até heréticas. Certo cântico, que ainda anda sendo entoado, indaga: “Quem está neste pão? Quem está neste vinho?”. Ora, isto é empanação condenada desde o Concílio deTrento. O certo é “Quem é este pão?” “Quem é este vinho”.


   O Glória da Missa dominical tem se prestado a muitas deturpações e houve quem inventasse esta fórmula ridícula: “ Glória a Deus Pai, glória a Deus Filho, glória ao Espírito Santo. Glória a Deus Mãe (sic)” e no meio do texto aparece saudação também à Virgem Maria, ocasionando grande confusão e até parecendo que se diviniza a figura da Mãe de Jesus. Estes e outros desvios precisam ser sempre combatidos.

   Adite-se a queixa de muitos fiéis sobre cerimônias muito longas, Missas que duram cerca de duas horas, por vezes, infladas de apresentações paralitúrgicas.

   Os comentários, outrossim, por parte de certos comentaristas mais parece uma homilia no início ou antes de cada leitura. A invés de ser uma introdução objetiva, clara, que prenda a atenção dos participantes ocorre uma lengalenga vazia.





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CÔN. JOSÉ GERALDO VIDIGAL DE CARVALHO.Iniciativas litúrgicas arbitrárias. Disponível em http://www.veritatis.com.br/article/4138. Desde 23/4/2007.”



Aos doze dias do mês de agosto de 2011, na Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro.

Prof. Dr. Haroldo Nobre Lemos

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Presidente Obama proclama junho de 2011 o Mês do Orgulho de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros.

Casa Branca


Escritório do Secretário de Imprensa, 31 de maio de 2011.


PROCLAMAÇÃO DO PRESIDENTE DOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA


Mês do Orgulho de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros.

A história da comunidade americana de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros (LGBT) é a história dos nossos pais e filhos, mães e filhas, e dos nossos amigos e vizinhos que continuam a tarefa de fazer com que o nosso país seja uma união mais perfeita. É uma história sobre a luta para realizar a grande promessa americana de que todas as pessoas possam viver com dignidade e justiça sob a lei. Em junho comemoramos os indivíduos corajosos que lutaram para conseguir essa promessa para os LGBT norte-americanos, e nós nos rededicamos à busca de direitos iguais para todos, independentemente da orientação sexual ou identidade de gênero.

Desde que assumi a presidência, a minha administração tem feito progressos significativos para alcançar a igualdade para LGBT americanos. Em dezembro passado, eu estava orgulhoso de assinar a revogação da política discriminatória Don’t Ask, Don’t Tell (Não Pergunte, Não Diga). Com essa revogação, os americanos gays e lésbicas serão capazes de servir abertamente nas nossas Forças Armadas pela primeira vez na história da nossa nação. Nossa segurança nacional será reforçada e as contribuições que esses heróicos americanos fazem ao nosso exército, e que têm feito ao longo de nossa história, serão plenamente reconhecidas.

Minha administração também tomou medidas para eliminar a discriminação contra LGBT norte-americanos em programas habitacionais federais e para proporcionar aos LGBT norte-americanos o direito de visitar seus entes queridos no hospital. Temos deixado claro através de políticas de não discriminação do poder executivo que a discriminação com base na identidade de gênero no local de trabalho federal não será tolerada. Continuei a nomear e eleger indivíduos que são abertamente LGBT e altamente qualificados a cargos nos poderes executivo e judiciário.

Por reconhecermos que os direitos LGBT são direitos humanos, a minha administração está com os defensores da igualdade em todo o mundo à frente na luta contra leis perniciosas, cujo alvo são pessoas LGBT, e contra tentativas maliciosas de excluir organizações LGBT da plena participação no sistema internacional.

Nós lideramos uma campanha global para assegurar que a “orientação sexual” fosse incluída na resolução das Nações Unidas sobre execuções extrajudiciais – a única resolução da ONU que menciona uma campanha global para assegurar que a “orientação sexual” fosse incluída na resolução das Nações Unidas sobre execuções extrajudiciais – a única resolução da ONU que menciona especificamente as pessoas LGBT – para enviar a mensagem inequívoca de que não importa onde ocorra, o assassinato de gays e lésbicas sancionado pelo Estado é indefensável. Ninguém deve ser prejudicado por causa de quem são ou quem amam, e a minha administração tem conseguido compromissos públicos sem precedentes de países ao redor do mundo para participarem da luta contra o ódio e a homofobia.


Nos EUA, estamos trabalhando para resolver e eliminar a violência contra as pessoas LGBT através da nossa aplicação e execução da Lei de Prevenção de Crimes de Ódio Matthew Shepard e James Byrd Jr (Matthew Shepard and James Byrd, Jr. Hate Crimes Prevention Act). Também estamos nos empenhando para reduzir a ameaça de assédio moral (bullying) contra os jovens, incluindo jovens LGBT. Minha administração está ativamente envolvida com educadores e líderes comunitários de todo o país [no esforço] de reduzir a violência e a discriminação nas escolas. Para ajudar a dissipar o mito de que o bullying é uma parte inofensiva ou inevitável da fase do crescimento, a primeira-dama e eu sediamos a primeira Conferência da Casa Branca para a prevenção do “bullying”, em março. Muitos altos funcionários da administração também se juntaram a mim para ajudar os jovens LGBT que foram agredidos por terem gravado mensagens de vídeo “Fica melhor” (It Gets Better) para garantir que eles não estão sozinhos.

Este mês também marca o 30 º aniversário do surgimento da epidemia de HIV/Aids, que teve um profundo impacto sobre a comunidade LGBT. Embora tenhamos feito progressos na luta contra essa doença devastadora, ainda falta muito trabalho a ser feito, e estou empenhado em expandir o acesso à prevenção do HIV/Aids e cuidado médico. No ano passado, anunciei a primeira Estratégia Nacional abrangente contra o HIV/Aids para os Estados Unidos. Essa estratégia centra-se na combinação de abordagens baseadas em evidências para diminuir as novas infecções pelo HIV em comunidades de alto risco, melhorar o atendimento a pessoas convivendo com HIV/Aids, e reduzir as disparidades de saúde. Minha administração também aumentou o fundo doméstico de combate ao HIV/Aids para apoiar o programa Ryan White HIV/Aids e de prevenção do HIV, e para investir em pesquisa relacionada ao HIV/Aids. No entanto, o governo não pode assumir essa doença sozinho. Este aniversário histórico é uma oportunidade para a comunidade LGBT e simpatizantes de retomar o trabalho de sensibilização sobre o HIV/Aids e continuar a luta contra esta pandemia mortal.

Cada geração de americanos tem ajudado o nosso país a chegar mais perto do cumprimento da sua promessa de igualdade. Apesar do progresso levar tempo, as nossas conquistas no avanço dos direitos dos LGBT norte-americanos nos lembram que a história está do nosso lado e que o povo americano nunca vai parar de lutar pela liberdade e justiça para todos.

PORTANTO, EU, BARACK OBAMA, presidente dos Estados Unidos da América, com a autoridade que me foi conferida pela Constituição e pelas leis dos Estados Unidos, por meio deste instrumento, proclamo junho de 2011 Mês do Orgulho de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros. Conclamo o povo dos Estados Unidos a eliminar o preconceito em todos os lugares onde exista, e a celebrar a grande diversidade do povo norte-americano. EM TESTEMUNHO DO QUE, assino o presente documento neste trigésimo primeiro dia de maio, no ano do Senhor de dois mil e onze e no ducentésimo trigésimo quinto ano da Independência dos Estados Unidos da América.


BARACK OBAMA



1ª OBS.: em outubro de 2010, o Crime de Ódio contra as pessoas LGBT foi tornado crime federal, isto é, de responsabilidade do FBI e dos promotores federais de justiça.


2ª OBS.: aumentar os investimentos em Saúde e Educação incrementa largamente as políticas públicas de combate ao preconceito, à AIDS e ao assédio moral – “bullying”.


LERAM COM ATENÇÃO: Dona Dilma Rousseff, Magno Malta, Jair Bolsonaro e oligofrênicos similares e congêneres?


Os negritos e observações são de minha lavra aos quais sotoponho minha assinatura.


Em 17 de junho de 2011, no Saudoso Estado da Guanabara (RJ).



Prof. Dr. Haroldo Nobre Lemos.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

MARK ZUCKERBERG GANHARÁ MAIS DINHEIRO COM A MORTÍFERA CENSURA CHINESA.

  


  Mr. Zuckerberg, um dos donos do “facebook”, 53º (“cinquenteitrêzimo”; o MEC diz que está correto) sujeito mais rico do mundo, parece ter descoberto que censura faz sucesso. Na terra dele já se sabia. Afinal, um povo sexualmente reprimido, evangelicamente hipócrita que não acredita na Ciência da Evolução (mais de 60%), tem mais é que aplaudir a censura do feicibúqui ao beijo homoafetivo britânico que levou o apresentador de entrevistas de lá, Richard Metzger, a acusar o sítio de relacionamento de homofóbico.


   Mas, o feioso ex-aluno, ex- sem namorada e amigos, de Harvard, em abril deste ano, fechou acordo bilionário com o Baidu. Este último é uma espécie de “orkut-facebook-google” chinês severamente controlado pela ditadura (que se diz socialista) chinesa.

   Este fato deveu-se à visita, em dezembro de 2010, de Mr. Zuckerberg à China. E, por óbvio, ele não foi lá fazer turismo.

   O fato é que o seu feicibúqui já contava com milhares de usuários o que não agradou nada o Comitê Central do Partido Comunista chinês que, em última instância, é quem governa a chamada República Popular da China.

   O Baidu, em verdade, é quase um órgão do Partido e serve muito mais para controle de dissidentes do regime do que para relacionamentos sociais. Daí seu declínio. Os governantes, então, chamaram Mr. Zuckerberg e propuseram-lhe um acordo bilionário no sentido de associar as duas empresas, preservando-se o nome da marca estadunidense. Isto é, o chinezinho vai acessar o feicibúqui crente de que está entrando num sítio democrático etc. Isso ele não é mesmo. Tanto que censura beijo homoafetivo, mas permite fotos de portadores de micropênis, de um sujeito com as partes pudendas queimadas por óleo fervente jogado pela namorada (não, esse não era o micropênico) e por aí vai.

   Assim que foi divulgada a notícia da possível associação “Facebook-Baidu”, cerca de 250 mil usuários do feicibúqui evaporaram do cadastro do sítio. Não sei se a evaporação dos mesmos foi apenas virtual. Em suma, segundo os jornais de lá (todos oficiais), o sumiço foi de cerca de 40% dos usuários, contudo, “de forma paulatina”. Negam que tenha sido instantânea.

   Em verdade, a imprensa mundial informa que mais de 100 ativistas anti-comunistas foram presos, outras centenas encontram-se em prisão domiciliar e, por óbvio, sem acesso à grande rede.

   Em suma, a grande rede que era vista como uma espécie de forma de relaxamento para todos e controle de dissidências pelo governo, agora é muito mais severamente monitorada e censurada pelos órgãos de repressão, mormente depois do que vem acontecendo no Oriente, a chamada “Primavera Árabe”.

   A união efetiva do Bidu, digo, Baidu com o feicibúqui só depende agora de ajustes administrativos entre o Comitê Central e Mr. Zuckerberg e associados.

   Quanto a possibilidade de estar incrementando ainda mais o cerceamento de direitos humanos elementares negados há décadas ao povo chinês, Mr. Zuckerberg “defeca e se locomove”, assim como para o destino que tiveram seus fiéis usuários que evaporaram. Afinal, ele vai ganhar mais um bilhão de dólares contra um povo que tem mais de um bilhão...de pessoas. Que coisa!


Aos 18 dias do mês de maio de 2011, do saudoso Estado da Guanabara.

Prof. Haroldo Nobre Lemos.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

MENINA COM JEITO DE MENINO.

   Cora Anderson , Lillie Hitchcock Coit e a Papisa Joana.


   Cora e Lillie são retratadas no livro "Escondidas da História: Retomando o Passado Gay e Lésbico", em tradução livre. Original: Hidden From History: Reclaiming the Gay and Lesbian Past). Martin Duberman et al, editores. New York: NAL Books, 1989.

   Muitas mulheres norte-americanas do século dezenove se travestiram e conseguiram "passar" por homens por muitos anos. Cora Anderson, que era ameríndia, foi presa em 1914 por conduta desordeira. Lillie Hitchcock Coit conseguiu livrar-se de uma condenação pelo fato de ser rica. Nada de novo nisto também.

   Mas os relatos de travestismo masculino são bem mais antigos. É o caso da Papisa Joana que a Igreja insiste em afirmar ser uma lenda. Mas inúmeros relatos históricos que, embora divirjam aqui e ali, são concordantes quanto à existência de uma mulher que tornou-se monge, cardeal e “Papa”, entre os anos 855 e 1100.


   Engravidou a acabou morta. As versões divergem também sobre este ponto, mas todas concordam que a multidão reagiu com indignação, por considerar que o trono de São Pedro havia sido profanado. Joana, após dar à luz em meio a uma procissão, teria sido amarrada a um cavalo e linchada até a morte.

   Noutro relato, Joana teria morrido devido a complicações no parto, enquanto os cardeais se ajoelhavam clamando: "Milagre, milagre!".

   E a “Papisa”, sabe-se lá o motivo, acabou imortalizada. Virou carta do baralho de Tarot e hoje influencia os crentes nas “artes divinatórias”.Que coisa!
  
   Aos 16 dias de maio de 2011, do saudoso Estado da Guanabara.

   Prof. Dr. Haroldo Nobre Lemos.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

A QUEM INTERESSAR POSSA - Nº 1

   1 - E os pais que recusaram uma de suas trigêmeas estão arrependidos e lutam para reverter a decisão da Justiça que lhes tomou os bebês, em face de seu comportamento que, a princípio chocou muitas almas desavisadas.

   Mas o fato é que, nos últimos 15 anos, as técnicas de fertilização se aprimoraram muito. Médicos diversos ficaram riquíssimos. Muitos casais acorrem a entidades bancárias a fim de obter financiamento para realizar o que, para alguns, ainda é um sonho alcançável, mas que, para outros, é uma realização pessoal que se cristaliza pelo seu poder aquisitivo. Quer dizer, num primeiro momento, um sujeito que desembolsou cerca de 20 mil reais, à vista, para ter gêmeos, não quer receber trigêmeos. Afinal, ele não pagou por três filhos. Seu “planejamento” econômico e “logístico” baseou-se na previsão de dois filhos, e não, de três. É mais uma situação surpreendente, dentre muitas que virão, típicas desse “mundo novo” que, de admirável, não tem quase nada.

   Com essa Aldous Houxley não contava.

   2 – Assim referiu ontem, 03/04/2011, Mariano Grondona, internacionalmente premiado jornalista e professor de Direito argentino, em sua coluna no jornal La Nación:

“Para a presidente da Argentina e para o presidente da CGT, o jornalismo é sempre militante. Se milita a favor do governo, como fazem os jornalistas e os donos dos jornais financiados pelo governo, é governista. Se milita contra o governo, é oposição. Esta nítida divisão ignora o verdadeiro papel do jornalismo independente, cuja função em uma democracia é a crítica, mas não a “oposição”.

Existe um abismo entre ambos os conceitos. Exercer a crítica é o dever do jornalismo independente frente a qualquer governo, de qualquer tipo. Porque o chamado "quarto poder" não é propriamente um "poder" no mesmo plano que o Executivo, o Legislativo ou o Judiciário, mas um “contra poder” cuja missão é prevenir e combater os excessos do governo, tão comuns em uma "democracia autoritária" como ainda é a nossa, para consolidar essa república equilibrada, que deve ser o objetivo de nossa república imperfeita, em defesa da liberdade dos cidadãos, hoje ameaçada pelo Leviatã estatal.

(...) Nada disto acontece com o jornalismo independente, para o qual a crítica não é um meio para “chegar” ao poder, mas um fim em si mesmo, cuja missão é “conter” o poder, não importa quem o exerça, em prol do equilíbrio republicano. Por isso é fácil que os políticos possam se confundir quando coincidem as críticas da imprensa ao governo, ao não atentar para o fato de que, embora jornalistas e opositores possam coincidir em um trecho do processo político, os verdadeiros jornalistas irão se afastar imediatamente desta coincidência, para proteger sua vocação, quando a oposição se transformar no portador de um novo governo.”

   Dá o que pensar...ou não?



   3 – Dona Dilma, depois da estupefaciente matéria de “Globo Repórter”, de 01/04/2011, sobre a falta de atendimento em hospitais públicos de Goiás e, até, mesmo na Capital Federal, deveria, no mínimo, determinar ao seu Ministro da Saúde (que também silenciou) que se manisfestasse de algum modo. Nem que fosse para dizer que estava estupefacto, ou revoltado, como todo o Brasil fica sempre que precisa da rede pública de saúde. Hospitais inacabados se deteriorando, falta de médicos, profissionais com mais de duas matrículas públicas (o que é ilegal) e sequer atuando com eficiência em uma delas...e por aí vai. As falhas e descasos, como a própria matéria atestou, ao vivo e a cores, partem dos três níveis da administração pública, municipal, estadual e federal.

E no Alvorada só se fala da viagem da presidente, digo, presidenta, à China para estabelecer acordos comerciais com um país totalitário, que não tem, nem de longe, uma economia de mercado. Será isso motivo de preocupação nacional?



   4 – Igualdade de acesso e desigualdade de sucesso. Ao final do ensino médio, um em cada cinco alunos sabe o conteúdo mínimo necessário de Matemática. O Programa Internacional de Avaliação Comparada (PISA) demonstrou, de modo doloroso, que a maioria dos brasileiros não entende os enunciados das questões. Não entendem o que lêem. Que o nosso ensino ainda segue o modelo francês de 50 anos atrás, com excesso de conteúdo (no mínimo 10 disciplinas) e pouco tempo para o ensino do mesmo. Nosso índice de repetência é superior a 18%, quando a média mundial é pouco superior a 2%, isto é, de cada 10 crianças que entram no ensino fundamental, apenas cinco o concluem. Destes, apenas a metade completa o ensino médio. É o pior desempenho na América Latina.

   A propósito, a França já abandonou este modelo de ensino bacharelesco há mais de 40 anos. Que coisa!



   5 – E Mr. Obama, mais uma vez, decepciona seus eleitores. Não vai fechar a prisão de Guantánamo e os prisioneiros que ele queria ver levados à júri popular em Nova Iorque, serão julgados lá mesmo, por um tribunal militar presidido por um general. E mesmo tendo iniciado uma terceira frente de batalha, assumiu publicamente que é candidato à reeleição. Desta vez a frase chavão não é “Yes, we can”. É uma outra coisa que não sei traduzir. Algo como “começa com a gente” ou similar.

    Do jeito que vai, até os mais racistas e preconceituosos republicanos neoconservadores irão votar nele.



   6 – URGENTE! A ordem em Brasília é “blindar” Dona Dilma contra qualquer respingo diante dos fatos novos surgidos no processo de julgamento do “mensalão” pelo STF. O mesmo deverá ser feito com a história prosaica do recém-falecido-bom-velhinho, o ex-vice-presidente, Sr. José Alencar. Pelo que se diz, grande parte do dinheiro repassado aos deputados federais para aprovação das medidas enviadas por Lula, veio dos cofres da Coteminas (Companhia Tecidos Norte de Minas) fundada em 1975, de propriedade do falecido.

   Mas não acredito que isto atinja Lula ou Dilma. O projeto deles é bem mais abrangente. E o Ministro Joaquim Barbosa (relator do processo) foi nomeado por Lula. E Daniel Dantas não vai abrir a boca, em troca de sua liberdade e da manutenção de seus bilhões de dólares.

   E alguém pode me explicar o porquê de os filhos e netos de Lula terem passaportes diplomáticos. E por que, só agora, este descalabro veio à tona?

   Que País! Que República! No dizer de Hélio Fernandes.

   Aos quatro dias do mês de abril, do ano da Graça de 2011, no Rio de Janeiro.


   Prof. Dr. Haroldo Nobre Lemos.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

OS TEMPORAIS E A TRAGÉDIA RE-ANUNCIADA

   No final da década de 1970 as chuvas torrenciais do verão provocaram uma das maiores catástrofes em termos de perdas humanas que o Estado de São Paulo já vivenciou. Foram os desmoronamentos das casas erguidas nos morros de Santos e São Vicente, na verdade, habitações pobres de pessoas de pouco poder aquisitivo. Nesta época, o governo paulista tomou providências no sentido de impedir que tal coisa voltasse a acontecer e, para tanto, determinou que fosse feito um estudo aprofundado das condições geológicas dos terrenos que não suportaram as chuvas. Nasceu, desta forma, a “Carta Geotécnica dos Morros de Santos e São Vicente: condicionantes do meio físico para o planejamento da ocupaçao urbana”, tendo a frente dos pesquisadores o geólogo Prof. Dr. Álvaro Rodrigues dos Santos. Ao que se saiba, tomadas as providências indicadas nesse estudo, tamanha desgraça jamais voltou a se repetir naquela região.

   Não foi por outra razão que o Prof. Álvaro participou de inúmeras entrevistas e debates em rede nacional quando, em Janeiro de 2010, deslizamentos de terra deixaram pelo menos 16 pessoas mortas na região de Angra dos Reis, no litoral do Rio de Janeiro. Também em Ilha Grande, a situação foi dramática. Corpos foram retirados da pousada Sankai que ficou totalmente soterrada. No continente, outras cinco pessoas morreram no Morro da Carioca.

   Com a experiência que detém sobre o assunto, o Prof. Álvaro, juntamente com o Prof.Dr. Moacyr Duarte, especialista em prevenção de acidentes (COPPE/UFRJ), falaram em uníssono sobre a importância de se ter uma Carta Geotécnica, com força de lei, a regulamentar de forma inflexível o uso do solo em qualquer região do País.

   Lembro-me de um morador de Angra dos Reis ter afirmado a um jornalista que nunca vira tal coisa naquela região nos sessenta anos em que lá vivia. O que não significa absolutamente nada, pois o Tempo Geológico não pode ser contado em anos, nem mesmo em séculos.

  O debate acerca da escala do tempo geológico até que se chegasse a uma concepção de tempo dito profundo, isto é, muito longo, arrastou-se por quase um século, tendo seu início com a formulação da Teoria do Uniformitarismo de James Hutton, em 1792. Hoje, a Geologia e a Engenharia dispõem de métodos de contagem de tempo dos solos que envolvem muita Física e Matemática, além de aspectos da Petrografia, Mineralogia, Estratigrafia, Paleontologia e datação por Radioisótopos.

   Enfim, reunir essa gama de informações permite aos geólogos e engenheiros conhecer as características do terreno e prever como ele irá se comportar em situações extremas, tais como chuvas torrenciais etc. Mais ainda, permite estabelecer se determinados eventos têm (ou não) um caráter cíclico, tais como os deslizamentos. Sabido isto e estabelecida a Carta Geológica, os administradores públicos ficam cientes se nesta ou naquela área podem ser erguidas construções e de que tipo. De certo, há regiões nas quais esses escorregamentos ocorrem, de tempos em tempos – tempo geológico — o que torna impossível erguer-se qualquer edificação.

   O pior é que nada disto é novidade. O Prof. Álvaro fez publicar artigo, em seis de maio de 2010, no Portal do Diário EcoDebate, que assim inicia, in litteris:

As recorrentes tragédias geotécnicas que vêm se abatendo sobre municípios brasileiros tiveram ao menos como saldo positivo, e esperamos irreversível, a consciência geral sobre a importância em se ter em conta as características geológicas e geotécnicas dos terrenos na regulação técnica do uso do solo urbano.

Do ponto de vista das essenciais ações preventivas e de planejamento, vem ficando igualmente consensuado o destacado papel a ser cumprido pela Carta Geotécnica municipal, a ponto de sua elaboração já constituir expressiva demanda de serviços junto a instituições e empresas brasileiras que trabalham na área geotécnica.” (os negritos são meus).

   Parece que as autoridades não tomaram conhecimento, ou, o mais provável, não se interessaram. Vale lembrar que a Carta Geotécnica paulista que mencionei ao início é de 1980 e há inúmeras teses de mestrado e doutorado tendo esse estudo por base, além de trabalhos fundamentais como os de Bittar e col. (1992) e Cerri e col. (1996), todos apresentados no Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia, em 1996 (Associação Brasileira de Geologia de Engenharia, 1996. 2v. il. v. 2 p. 537-548).

   Em suma, há que se consultar os expertos, elaborar as Cartas Geotécnicas de cada município, fazendo-se a mesmas constarem das Leis Orgânicas de cada um. E onde já houver edificação contrariando estes documentos, que se indenizem os proprietários e se proceda à desapropriação e demolição das mesmas.

   O ônus financeiro é ridículo se comparado ao da perda de vidas humanas. Já o ônus político é uma outra história...e é justamente aí que as providências são ignoradas e esquecidas. Mas a natureza não dá a mínima para política.

Rio de Janeiro, 13 de janeiro de 2011.

Prof. Dr. Haroldo Nobre Lemos.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

E AS GREVES VIRÃO...FELIZ 2011, DONA DILMA.


   Os que me conhecem sabem que nunca fui afeito a movimentos políticos que envolvam paralisação de nossas atividades. Greves de professores e médicos jamais contarão com a simpatia, ou melhor, com a adesão popular. Mormente em um País no qual esses dois setores vitais padecem de males perenes, sem solução a curto e médio prazos. Muito ao contrário, as perspectivas são as piores possíveis.




   Se Dona Dilma pudesse, de certo, faria com que o curto reinado de Momo jamais terminasse Brasil afora, ou ao menos, ficasse um pouco parecido com aquele que ocorre na Bahia e dura mais de um mês. Porque após esses quatro dias de folias que se darão em março, começarão a pipocar os movimentos sindicais, a movimentação do parlamento (leia-se oposição) pelo aumento do salário mínimo, os dissídios e tais.



   Um sem número de articulistas, PhDs e expertos de todas as áreas têm sido pródigos em dar conselhos e traçar possíveis diretrizes para Dona Dilma seguir em 2011, com forte ênfase na área econômica.



   Embora muitos divirjam em alguns aspectos, praticamente todos os comentários acabam desaguando no fato de o ex-presidente Lula haver criado uma máquina estatal que sequer cabe no PIB. Os cargos comissionados aumentaram de forma vertiginosa nesses últimos quatro anos. Nada demais até aí, pois isso faz parte do jogo das coalizões para eleger o sucessor. Mas elas não precisam ser necessariamente mantidas uma vez que se tenha obtido a vitória. Parece que Dona Dilma esqueceu esse axioma da política que é sujo mesmo, mas compõe o tabuleiro do xadrez democrático, há séculos, mundo afora. A goela dos aliados é enorme e não se contentaram com os ministérios e secretarias, isto é, os cargos do chamado primeiro escalão. Querem mais, sempre mais, sobremodo a grande prostituta da história política brasileira que atende pela sigla de PMDB.



   E Dona Dilma que sonhava com um segundo escalão altamente técnico, meritocrático, onde na escolha dos nomes prevaleceriam a experiência, o conhecimento e a competência, teve de forma inédita, quase revivendo o “...nunca antes na História deste País...”, que interromper o processo como se questões vitais pudessem esperar passar a quarta-feira de cinzas. Mas foi o que se deu e o que virá depois é do mais absoluto mistério.



Mas algo parece ser inevitável. Um movimento de paralizações e até greves em diversos setores. Naqueles menos aquinhoados com investimentos robustos e nos que ainda padecem do câncer da corrupção. De plano, identificam-se a Educação, a Saúde e a Previdência.



Neste panorama e quase que instantaneamente surgem os arautos da agiotagem oficializada, os banqueiros e os jornalistas que trabalham a seu soldo -- Dona Miriam Leitão é a mais devotada --, apregoando um rigoroso ajuste fiscal, uma ferrenha contenção de gastos públicos que farão vítimas primeiras os professores, os médicos e os aposentados.



E o mercado, esta poderosa entidade metonímica, a braços com o sistema financeiro, ao invés de serem servos da economia real (como ensinava Keynes) cuidarão de seus próprios interesses, tal como fez de forma traiçoeira e covarde a classe política. E que ninguém se iluda achando que o Executivo não gostou desses malsinados 60% de aumento safadamente estendidos a seus membros titulares, prepostos e assessores em turbinadíssimo efeito cascata.



Um festim diabólico a iniciar um ano que promete. Só não sei bem o quê.



Em, 10 de Janeiro de 2011, do saudoso Estado da Guanabara.



Prof. Dr. Haroldo Nobre Lemos.


PS: A tragédia se deu no último dia de votação na Câmara, no apagar das luzes o plenário aprovou o projeto de aumento de 61,83% nos salários dos próprios parlamentares, de 133,96% no valor do vencimento do presidente da República e de 148,63% no salário do vice-presidente e dos ministros de Estado. O projeto iguala em R$ 26.723,13 os salários dos deputados, dos senadores, do presidente da República, do vice e dos ministros do Executivo.