quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Vírus da Influenza só ataca em escolas?!


Por razões de cunho muito mais sociológico do que científico a maioria dos alunos de diversos municípios foram obrigados a esticar seu recesso escolar até o dia 17 deste mês, com a possibilidade de as autoridades reverem tal decisão e, conforme o andar da carruagem, determinar um prolongamento do mesmo até setembro.

Na verdade tal decisão não muda absolutamente nada no que concerne à epidemiologia da gripe A (H1N1) que a TV Globo, seguida das outras de menor audiência, insiste em chamar de “gripe suína”. Mas atende ao desespero provocado principalmente pela contra-informação prestada pela mídia, modo geral. Há que se fazer justiça com a Rede Bandeirantes que no programa “Roda Viva”, de 26 de junho de 2009, promoveu um verdadeiro inquérito aos cientistas envolvidos na prevenção e controle de doenças, com ênfase na gripe A (H1N1). Destacou-se neste programa o experto Dr. Isaias Raw, presidente da Fundação Instituto Butantan que desmistificou tudo o que a mídia vem apregoando de modo irresponsável.

Frisou o cientista de muitas décadas que “as peculiaridades do vírus da nova gripe não são suficientes para causar pânico na população”, fazendo coro com outros infectologistas do calibre dos doutores Marco Aurélio Safadi (Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa/SP, que sob a batuta de Antônio Ermírio de Moraes é hoje centro de referência até para transplantes e pesquisas em neurologia), David Uip (Diretor do Instituto de Infectologia Emílio Ribas/SP) e outros. Todos, juntamente com o Ministro Temporão (Saúde) e infectologistas de todo o País referem, em uníssono, que não há razão, no momento, para alarde, e que o adiamento do início das aulas foi uma decisão precipitada.

Prova cabal de que o pânico é provocado pela mídia é o fato de ela mesma ser capaz de neutralizá-lo quando quiser e se lhe aprouver. Temos dois exemplos irrefutáveis desse fenômeno: Harry Potter e Dia dos Pais. Este último levou alguns milhões de pessoas nas duas últimas semanas, em especial no domingo passado, a lotarem “shoppings” e restaurantes.

Domingo passado (09/08) houve filas intermináveis às portas de restaurantes para onde os comensais migraram em bandos, submetendo-se a filas de até duas horas, para celebrarem o dia do papai. Se risco havia nesta orgia gastronômica era de infarto, derrame, intoxicação alimentar etc. E ninguém ligou para nada disso, muito menos para a “gripe suína”. E embora o suíno falecido se tenha feito presente em todas as churrascarias, isto não foi capaz de evocar o temor da gripe a ele atribuída. Mas o retorno às aulas continuou adiado.

Mais emblemático ainda é o caso da estreia mundial de “Harry Potter e o Enigma do Príncipe” que na madrugada de 14/08 levou mais de meio milhão de pessoas (564 mil), adolescentes e seus pais na maioria, aos cinemas, dentro de “shoppings” nas mais das vezes, em todo o País, fechando o dia mundial de lançamento com a impressionante cifra de 104,03 milhões de dólares. Nos EUA o faturamento nos cinco primeiros dias atingiu 159,7 milhões de dólares. No “UCI New York City Center” que, apesar do pomposo nome norte-americanizado fica na Zona Oeste do Rio de Janeiro, reuniram-se 1.060 pessoas nessa madrugada.

A GAROTADA TODA CARACTERIZADA DE ALUNOS DE HOGWARTS (a escola de magia que não prorroga as férias...nem sob as ameaças sinistras de Lord Voldemort). E NENHUMA MASCARAZINHA CIRÚRGICA!!!!??? Cadê o medo da gripe que justificou o adiamento do retorno às aulas? O mesmo temor que justificou a determinação da Dra. Juíza Giani Maria Moreschi quanto à obrigatoriedade do uso de máscaras pelas torcidas do Santos e do Coritiba, na 4ª feira (05/08) durante o jogo, em Cascavel (PR). Todos usaram máscaras...NOS PESCOÇOS. Afinal, como se vai xingar o árbitro com máscara tapando a boca?

Quem perde com tal medida?

Os alunos (principalmente das séries que são “bocas de concursos”), os professores que terão que se desdobrar para levarem os conteúdos “desprogramados” a termo e os sempre esquecidos (daí continuarem excluídos) alunos pobres que dependem, literalmente, da escola para sua alimentação. Sim, eles existem...e não são poucos! Daí a observação dos jornalistas de “Carta Capital” (12/08/09; fls.34) : “Talvez eles não peguem gripe, mas certamente alguns correm o risco de morrer de fome”.

Quem ganha com o pânico?

Donald Rumsfeld...ele mesmo, o ex-secretário dos "Georges Bushes"(pai e filho), Senhor das Guerras do Petróleo (a do golfo e a do Iraque) e um dos maiores acionistas do grupo proprietário do Laboratório Roche, que detém a patente da fabricação do pró-fármaco fosfato de oselatmivir (Tamiflu). Mesmo não havendo unanimidade dentre os farmacologistas e virologistas sobre o grau de eficácia do produto (porque só se transforma em antiviral depois de processado pelo fígado quando se converte em carboxilato de oseltamivir...daí a discussão), os médicos temerosos de serem processados optam pelo que os estadunidenses chamam de “medicina preventiva”, quer dizer, “é preferível pecar pelo excesso do que pela falta”.

Resultado: a “holding” Roche que vinha amargando baixas no valor de suas ações desde 2008, viu as mesmas subirem mais de 20% quando a Organização Mundial da Saúde acendeu o nível cinco do alerta de pandemia em junho deste ano. E continuam subindo, uma vez que o mercado é fatiado e as gigantes produtoras de vacinas (GlaxoSmithKline e Novartis) só entrarão em cena no início de 2010. É como disse o conhecido infectologista britânico, Dr. Tom Jefferson ao periódico alemão “Der Spiegel” : “Há muito dinheiro envolvido; e influência, e carreiras e instituições inteiras”.

Quando o festim da vacinação começar, a União Européia estima gastar 10,5 bilhões de reais, os EUA cerca de um bilhão de dólares. Desconheço quanto o Presidente Lula irá investir nessa guerra de titãs da indústria farmacêutica, o valor que as propinas de sempre atingirão. Mas uma coisa é certa, tanto lá como aqui, os bilhões de reais, dólares e euros sairão dos sistemas públicos de saúde.

E de nada terá adiantado os alunos voltarem mais tardiamente aos bancos escolares, pois no dizer do respeitadíssimo infectologista Dr. Esper Kallas (USP): “Como outras aglomerações não foram levadas em conta (‘shoppings’, estádios de futebol, metrô etc), o impacto da prorrogação das férias vai ser mínimo”. Eu diria nulo! Aliás, todos os virologistas minimamente interessados sabem que haverá outra onda de gripe A, haja vista isto ser monitorado no Brasil e no mundo, desde 1996. O que as autoridades de saúde pública fazem com as informações é outra coisa! E como destaca o Dr. Dráuzio Varella, “...é absolutamente impossível afirmar se uma nova onda de gripe A seria menos ou mais letal”.

PS: Se alguém der uma espiadinha na postagem anterior (SOBRE MÍDIA, GRIPES E PORCOS) verá que falei das citocinas. Aquelas substâncias liberadas durante infecções virais e que fazem parte da resposta imunológica do indivíduo infectado ao vírus. Pois é, já tem médico curando paciente suspeito de estar infectado com a gripe A, utilizando cortisona. O maior dos imunossupressores!! Que coisa!

Prof. Haroldo Nobre Lemos...num de seus dias.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Fundeb financia a mídia pré-paga

Do ano passado até meados deste ano, professores e funcionários administrativos da Unidade Tijuca II do Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro, sofreram mais de seis meses com a falta dos elevadores. Os mesmos elevadores que conheço desde 1981 quando fui empossado no cargo de professor da Velha Casa, após concurso público. Como o régio Colégio foi fundado em 1837, é de se esperar que não faltem velhos, ou digamos, funcionários e docentes pré-aposentados, esperando pagar o pedágio do Fernando Henrique, isto é, completarem os sessenta anos para poderem se aposentar. É aí que o elevador faz falta!

No meu caso, que sou feito de carne, ossos...e seis pinos de titânio a firmar a base de minha espinha dorsal, foi um martírio. E, já que sou católico e sei que martírio significa testemunho, pensei em oferecer minhas dores ao Criador durante a escalada dos 46 degraus e quatro rampas que levam ao quarto andar, à guisa de mortificação, uma vez que, como microbiologista, sei que não devo usar cilícios (aquele cinto de arame farpado que os pacóvios sectários do Opus Dei usam na coxa). Dr. Geraldo Alckmin usou muito, desconheço se ainda usa, ou se chicoteia suas costas. (Ler “Os Silícios do Alckmin”, do Sebastião Nery). Embora médico ele não teme o tétano ou a gangrena. De certo, não é o meu caso.

E eu não era o único a sofrer, haja vista os hipertensos (também o sou) e os deficientes físicos também martirizados. Já estava prestes a comprar uma vela do meu tamanho, e iniciar a subida recitando o santo rosário, rogando pela paz no Oriente Médio, pela diminuição das queimadas na Amazônia e pela devolução do Estado do Maranhão (onde nasceu minha mãe) ao Brasil, atualmente em posse de José Sarney e família. E...quem sabe...pela conversão dos mesmos, afinal as dores que eu sentia eram tão intensas que tinha quase certeza que alcançaria tais graças.

Mas, como sou um pecador miserável e incorrigível, desisti e procurei a Sra. Diretora Geral para despejar meu “choro e ranger de dentes”. Isto foi em 02 de abril deste ano. A Sra. Diretora Geral, sempre atenta, mostrou-me o documento autorizativo do “pregão” que realizar-se-ia no dia seguinte. Faz parte do ritual administrativo para contratação desses e outros serviços. Afinal o assessor já havia me informado que o Colégio não dispunha de recursos, pois só havia “empenho”. Esta palavrinha maldita, peculiar da administração pública brasileira, ou gestão (está mais na moda), pode siginificar tudo...da danação à redenção. Em princípio, como o nome mesmo está a referir, há dinheiro previsto, não necessariamente reservado para o serviço.

E é aí que minha ignorância administrativa, ou “gestiva”, ou “gestória”...sei lá..., se manifesta de modo avassalador. Porque, como não tenho o dom demiúrgico da profecia e do pleno entendimento, e talvez por ter contraído meningo-encefalite aos 10 anos, não consigo entender como as verbas do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), que deveria atender às premências da educação básica, creches, pré-escola, ensino médio, PROEJA, etc e que está hospedado no FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação) serve para engordar as contas bancárias da família Marinho (Globo), do Sr. Roberto Civitta (Veja) et caterva, NO DISTRITO FEDERAL, por obra e graça do Sr. Arruda, ou, por outra, do Exmo. Sr. Governador do DF, senador José Roberto Arruda. Quer dizer...grana para manutenção de elevador de escola não tem, só “empenho”, mas pro Sr. Arruda bancar a mídia obediente e pré-paga em ano pré-eleitoral...ah, isso tem!

Senão vejamos os dados estampados às páginas 32/34 da revista “Carta Capital”, nº556, de 29 de julho de 2009 que apontam: nota de EMPENHO, de 15 de junho de 2009, no valor de 2,9 milhões de reais (assinatura de 7.562 edições diárias do jornal “Correio Brazilense” para professores e alunos de 199 escolas do DF); nota de EMPENHO, com a mesma data, no valor de 442,4 mil reais para a Editora Abril (referente a assinatura, por um ano, da revista “Veja”, para alunos e professores do DF); contrato com a Editora Globo, de 20 de março de 2009, para aquisição de 239.200 livros “com o fito de compor acervo bibliográfico” de 620 escolas públicas do DF, a viger até dezembro deste ano.

Questionado, o secretário do Sr. Arruda, digo, de educação do DF, Sr. José Valente, teve a valentia de sublinhar a importância desses periódicos para a Educação: “...Eu olharia o caderno ‘Cidades’ e tentaria identificar nas notícias o que tem a ver com a cidade do aluno e o que dali é possível demandar”. Se não fosse uma parvoíce descomunal e criminosa, até seria “risível”. A matéria informa que depois da grita do Sindicato dos Professores (SINPRO-DF) que frisou: “ Não houve nenhum planejamento pedagógico para a implantação desse tipo de programa nas escolas” e da entrevista que o Sr. Arruda deu à “Veja”, publicada em suas páginas amarelinhas, onde fala de sua “volta por cima”, em 15 de julho (quatro dias após a entrevista) a nota de EMPENHO foi cancelada. Razão: continha “...ERRO NO CAMPO FONTE DE RECURSOS”. Sobre os demais “empenhos” e contratos nada foi informado. E por que razão não se manifestaram os Srs. Ministros da Educação e do Orçamento? Vai ver estão de férias e adiaram seu retorno por causa da gripe do porco! E é por isso que venho estudando parar de pagar imposto de renda todo mês e todo ano...agora só farei EMPENHO!!

Vale recordar...

O engenheiro José Roberto Arruda, do DEM/DF (ex-PFL), mancomunado com o finado de triste memória, Antônio Carlos Magalhães, vulgo, “Tuninho Malvadeza”,em 2001, sendo ambos senadores, foram pegados violando o sigilo de votação do painel do Senado quando este votava a cassação do deputado Luís Estevão do PSDB. O Sr. Arruda era do PSDB na época. Foi apanhado em flagrante, negou tudo, mentiu despudoradamente e renunciou ao mandato para não ser cassado. Em 2006 foi o único membro do DEM a se eleger governador...essa é a “volta por cima” que a “sujíssima Veja” (royalties para Hélio Fernandes da Tribuna da Imprensa) destacou em sua pagininhas amarelinhas.

Prof. Dr. Haroldo Nobre Lemos, no 1º dia do mês de agosto do ano da Graça de 2009.