quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Fundeb financia a mídia pré-paga

Do ano passado até meados deste ano, professores e funcionários administrativos da Unidade Tijuca II do Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro, sofreram mais de seis meses com a falta dos elevadores. Os mesmos elevadores que conheço desde 1981 quando fui empossado no cargo de professor da Velha Casa, após concurso público. Como o régio Colégio foi fundado em 1837, é de se esperar que não faltem velhos, ou digamos, funcionários e docentes pré-aposentados, esperando pagar o pedágio do Fernando Henrique, isto é, completarem os sessenta anos para poderem se aposentar. É aí que o elevador faz falta!

No meu caso, que sou feito de carne, ossos...e seis pinos de titânio a firmar a base de minha espinha dorsal, foi um martírio. E, já que sou católico e sei que martírio significa testemunho, pensei em oferecer minhas dores ao Criador durante a escalada dos 46 degraus e quatro rampas que levam ao quarto andar, à guisa de mortificação, uma vez que, como microbiologista, sei que não devo usar cilícios (aquele cinto de arame farpado que os pacóvios sectários do Opus Dei usam na coxa). Dr. Geraldo Alckmin usou muito, desconheço se ainda usa, ou se chicoteia suas costas. (Ler “Os Silícios do Alckmin”, do Sebastião Nery). Embora médico ele não teme o tétano ou a gangrena. De certo, não é o meu caso.

E eu não era o único a sofrer, haja vista os hipertensos (também o sou) e os deficientes físicos também martirizados. Já estava prestes a comprar uma vela do meu tamanho, e iniciar a subida recitando o santo rosário, rogando pela paz no Oriente Médio, pela diminuição das queimadas na Amazônia e pela devolução do Estado do Maranhão (onde nasceu minha mãe) ao Brasil, atualmente em posse de José Sarney e família. E...quem sabe...pela conversão dos mesmos, afinal as dores que eu sentia eram tão intensas que tinha quase certeza que alcançaria tais graças.

Mas, como sou um pecador miserável e incorrigível, desisti e procurei a Sra. Diretora Geral para despejar meu “choro e ranger de dentes”. Isto foi em 02 de abril deste ano. A Sra. Diretora Geral, sempre atenta, mostrou-me o documento autorizativo do “pregão” que realizar-se-ia no dia seguinte. Faz parte do ritual administrativo para contratação desses e outros serviços. Afinal o assessor já havia me informado que o Colégio não dispunha de recursos, pois só havia “empenho”. Esta palavrinha maldita, peculiar da administração pública brasileira, ou gestão (está mais na moda), pode siginificar tudo...da danação à redenção. Em princípio, como o nome mesmo está a referir, há dinheiro previsto, não necessariamente reservado para o serviço.

E é aí que minha ignorância administrativa, ou “gestiva”, ou “gestória”...sei lá..., se manifesta de modo avassalador. Porque, como não tenho o dom demiúrgico da profecia e do pleno entendimento, e talvez por ter contraído meningo-encefalite aos 10 anos, não consigo entender como as verbas do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), que deveria atender às premências da educação básica, creches, pré-escola, ensino médio, PROEJA, etc e que está hospedado no FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação) serve para engordar as contas bancárias da família Marinho (Globo), do Sr. Roberto Civitta (Veja) et caterva, NO DISTRITO FEDERAL, por obra e graça do Sr. Arruda, ou, por outra, do Exmo. Sr. Governador do DF, senador José Roberto Arruda. Quer dizer...grana para manutenção de elevador de escola não tem, só “empenho”, mas pro Sr. Arruda bancar a mídia obediente e pré-paga em ano pré-eleitoral...ah, isso tem!

Senão vejamos os dados estampados às páginas 32/34 da revista “Carta Capital”, nº556, de 29 de julho de 2009 que apontam: nota de EMPENHO, de 15 de junho de 2009, no valor de 2,9 milhões de reais (assinatura de 7.562 edições diárias do jornal “Correio Brazilense” para professores e alunos de 199 escolas do DF); nota de EMPENHO, com a mesma data, no valor de 442,4 mil reais para a Editora Abril (referente a assinatura, por um ano, da revista “Veja”, para alunos e professores do DF); contrato com a Editora Globo, de 20 de março de 2009, para aquisição de 239.200 livros “com o fito de compor acervo bibliográfico” de 620 escolas públicas do DF, a viger até dezembro deste ano.

Questionado, o secretário do Sr. Arruda, digo, de educação do DF, Sr. José Valente, teve a valentia de sublinhar a importância desses periódicos para a Educação: “...Eu olharia o caderno ‘Cidades’ e tentaria identificar nas notícias o que tem a ver com a cidade do aluno e o que dali é possível demandar”. Se não fosse uma parvoíce descomunal e criminosa, até seria “risível”. A matéria informa que depois da grita do Sindicato dos Professores (SINPRO-DF) que frisou: “ Não houve nenhum planejamento pedagógico para a implantação desse tipo de programa nas escolas” e da entrevista que o Sr. Arruda deu à “Veja”, publicada em suas páginas amarelinhas, onde fala de sua “volta por cima”, em 15 de julho (quatro dias após a entrevista) a nota de EMPENHO foi cancelada. Razão: continha “...ERRO NO CAMPO FONTE DE RECURSOS”. Sobre os demais “empenhos” e contratos nada foi informado. E por que razão não se manifestaram os Srs. Ministros da Educação e do Orçamento? Vai ver estão de férias e adiaram seu retorno por causa da gripe do porco! E é por isso que venho estudando parar de pagar imposto de renda todo mês e todo ano...agora só farei EMPENHO!!

Vale recordar...

O engenheiro José Roberto Arruda, do DEM/DF (ex-PFL), mancomunado com o finado de triste memória, Antônio Carlos Magalhães, vulgo, “Tuninho Malvadeza”,em 2001, sendo ambos senadores, foram pegados violando o sigilo de votação do painel do Senado quando este votava a cassação do deputado Luís Estevão do PSDB. O Sr. Arruda era do PSDB na época. Foi apanhado em flagrante, negou tudo, mentiu despudoradamente e renunciou ao mandato para não ser cassado. Em 2006 foi o único membro do DEM a se eleger governador...essa é a “volta por cima” que a “sujíssima Veja” (royalties para Hélio Fernandes da Tribuna da Imprensa) destacou em sua pagininhas amarelinhas.

Prof. Dr. Haroldo Nobre Lemos, no 1º dia do mês de agosto do ano da Graça de 2009.

Nenhum comentário: