segunda-feira, 4 de abril de 2011

A QUEM INTERESSAR POSSA - Nº 1

   1 - E os pais que recusaram uma de suas trigêmeas estão arrependidos e lutam para reverter a decisão da Justiça que lhes tomou os bebês, em face de seu comportamento que, a princípio chocou muitas almas desavisadas.

   Mas o fato é que, nos últimos 15 anos, as técnicas de fertilização se aprimoraram muito. Médicos diversos ficaram riquíssimos. Muitos casais acorrem a entidades bancárias a fim de obter financiamento para realizar o que, para alguns, ainda é um sonho alcançável, mas que, para outros, é uma realização pessoal que se cristaliza pelo seu poder aquisitivo. Quer dizer, num primeiro momento, um sujeito que desembolsou cerca de 20 mil reais, à vista, para ter gêmeos, não quer receber trigêmeos. Afinal, ele não pagou por três filhos. Seu “planejamento” econômico e “logístico” baseou-se na previsão de dois filhos, e não, de três. É mais uma situação surpreendente, dentre muitas que virão, típicas desse “mundo novo” que, de admirável, não tem quase nada.

   Com essa Aldous Houxley não contava.

   2 – Assim referiu ontem, 03/04/2011, Mariano Grondona, internacionalmente premiado jornalista e professor de Direito argentino, em sua coluna no jornal La Nación:

“Para a presidente da Argentina e para o presidente da CGT, o jornalismo é sempre militante. Se milita a favor do governo, como fazem os jornalistas e os donos dos jornais financiados pelo governo, é governista. Se milita contra o governo, é oposição. Esta nítida divisão ignora o verdadeiro papel do jornalismo independente, cuja função em uma democracia é a crítica, mas não a “oposição”.

Existe um abismo entre ambos os conceitos. Exercer a crítica é o dever do jornalismo independente frente a qualquer governo, de qualquer tipo. Porque o chamado "quarto poder" não é propriamente um "poder" no mesmo plano que o Executivo, o Legislativo ou o Judiciário, mas um “contra poder” cuja missão é prevenir e combater os excessos do governo, tão comuns em uma "democracia autoritária" como ainda é a nossa, para consolidar essa república equilibrada, que deve ser o objetivo de nossa república imperfeita, em defesa da liberdade dos cidadãos, hoje ameaçada pelo Leviatã estatal.

(...) Nada disto acontece com o jornalismo independente, para o qual a crítica não é um meio para “chegar” ao poder, mas um fim em si mesmo, cuja missão é “conter” o poder, não importa quem o exerça, em prol do equilíbrio republicano. Por isso é fácil que os políticos possam se confundir quando coincidem as críticas da imprensa ao governo, ao não atentar para o fato de que, embora jornalistas e opositores possam coincidir em um trecho do processo político, os verdadeiros jornalistas irão se afastar imediatamente desta coincidência, para proteger sua vocação, quando a oposição se transformar no portador de um novo governo.”

   Dá o que pensar...ou não?



   3 – Dona Dilma, depois da estupefaciente matéria de “Globo Repórter”, de 01/04/2011, sobre a falta de atendimento em hospitais públicos de Goiás e, até, mesmo na Capital Federal, deveria, no mínimo, determinar ao seu Ministro da Saúde (que também silenciou) que se manisfestasse de algum modo. Nem que fosse para dizer que estava estupefacto, ou revoltado, como todo o Brasil fica sempre que precisa da rede pública de saúde. Hospitais inacabados se deteriorando, falta de médicos, profissionais com mais de duas matrículas públicas (o que é ilegal) e sequer atuando com eficiência em uma delas...e por aí vai. As falhas e descasos, como a própria matéria atestou, ao vivo e a cores, partem dos três níveis da administração pública, municipal, estadual e federal.

E no Alvorada só se fala da viagem da presidente, digo, presidenta, à China para estabelecer acordos comerciais com um país totalitário, que não tem, nem de longe, uma economia de mercado. Será isso motivo de preocupação nacional?



   4 – Igualdade de acesso e desigualdade de sucesso. Ao final do ensino médio, um em cada cinco alunos sabe o conteúdo mínimo necessário de Matemática. O Programa Internacional de Avaliação Comparada (PISA) demonstrou, de modo doloroso, que a maioria dos brasileiros não entende os enunciados das questões. Não entendem o que lêem. Que o nosso ensino ainda segue o modelo francês de 50 anos atrás, com excesso de conteúdo (no mínimo 10 disciplinas) e pouco tempo para o ensino do mesmo. Nosso índice de repetência é superior a 18%, quando a média mundial é pouco superior a 2%, isto é, de cada 10 crianças que entram no ensino fundamental, apenas cinco o concluem. Destes, apenas a metade completa o ensino médio. É o pior desempenho na América Latina.

   A propósito, a França já abandonou este modelo de ensino bacharelesco há mais de 40 anos. Que coisa!



   5 – E Mr. Obama, mais uma vez, decepciona seus eleitores. Não vai fechar a prisão de Guantánamo e os prisioneiros que ele queria ver levados à júri popular em Nova Iorque, serão julgados lá mesmo, por um tribunal militar presidido por um general. E mesmo tendo iniciado uma terceira frente de batalha, assumiu publicamente que é candidato à reeleição. Desta vez a frase chavão não é “Yes, we can”. É uma outra coisa que não sei traduzir. Algo como “começa com a gente” ou similar.

    Do jeito que vai, até os mais racistas e preconceituosos republicanos neoconservadores irão votar nele.



   6 – URGENTE! A ordem em Brasília é “blindar” Dona Dilma contra qualquer respingo diante dos fatos novos surgidos no processo de julgamento do “mensalão” pelo STF. O mesmo deverá ser feito com a história prosaica do recém-falecido-bom-velhinho, o ex-vice-presidente, Sr. José Alencar. Pelo que se diz, grande parte do dinheiro repassado aos deputados federais para aprovação das medidas enviadas por Lula, veio dos cofres da Coteminas (Companhia Tecidos Norte de Minas) fundada em 1975, de propriedade do falecido.

   Mas não acredito que isto atinja Lula ou Dilma. O projeto deles é bem mais abrangente. E o Ministro Joaquim Barbosa (relator do processo) foi nomeado por Lula. E Daniel Dantas não vai abrir a boca, em troca de sua liberdade e da manutenção de seus bilhões de dólares.

   E alguém pode me explicar o porquê de os filhos e netos de Lula terem passaportes diplomáticos. E por que, só agora, este descalabro veio à tona?

   Que País! Que República! No dizer de Hélio Fernandes.

   Aos quatro dias do mês de abril, do ano da Graça de 2011, no Rio de Janeiro.


   Prof. Dr. Haroldo Nobre Lemos.