segunda-feira, 7 de junho de 2010

O que você está lendo?

O que você está lendo?
*Originalmente publicado em Minha Carreira

Por que o brasileiro só lê um livro por ano, enquanto o europeu lê sete, oito vezes mais? Por que existem no país mais de 70 milhões de pessoas que não leem? Algumas razões possíveis: baixo nível cultural de um povo com 21 milhões de analfabetos, poder de compra insuficiente em relação aos preços altos dos livros, falta de hábito, concorrência da televisão e outros meios de entretenimento.


Eu mesmo nunca fui um leitor exemplar. Quero dizer, conheço os clássicos, mas não os li a todos, como muito bem gostaria de ter feito. Dei sorte no colégio: tive uma educação básica razoável para os padrões do ensino público e peguei bons professores. Gostava de livros com figuras mas tive um choque quando dei de cara com o primeiro livro sem desenhos. Pensei: “meu Deus! Que chato!” Imagino como é hoje para uma criança que já cresce estimulada por tantos apelos audiovisuais...

Bem, a ideia deste texto surgiu justamente a partir de uma observação pessoal sobre nossos hábitos de leitura, seja na literatura de ficção, seja nos didáticos. Sobre estes, chamo atenção para o modo como nós (estudantes/universitários) estamos construindo as bases de conhecimento em nossas carreiras. Conhecimento este que é hoje, sobretudo, um capital intangível valoroso da economia.

Por falar em economia, estamos vivendo em tempos de novidades tecnológicas num ritmo fugaz, mesmo embora sem soluções igualmente “mágicas” para nossas mazelas sociais elementares. Falo disso porque soube que amanhã (dia 08 de Junho) vai haver o primeiro lançamento de livro digital a ser feito de modo totalmente virtual, escrito para leitura no Kindle. Sem dúvida, um evento com grau de ineditismo no Brasil.

No entanto, observo que toda essa cultura tecnóide carrega a falsa ideia de que vivemos numa nova era, enquanto os mais de 20 milhões de analfabetos citados acima talvez ajudem um pouco a quebrar esta ilusão. Mas o Brasil é jovem, sabemos. E é bem verdade que aqui as coisas começaram mal: a cultura eletrônica nos dominou antes mesmo de criarmos as bases de uma cultura escrita, que sempre foi excludente.

Para o pesquisador norteamericano Nicholas Carr, formado em Harvard e autor de livros na área de tecnologia e administração, a dependência da troca de informações pela internet está empobrecendo nossa cultura. Ele falou à revista “Época”, durante uma visita ao Brasil, para uma palestra a 4.500 líderes empresariais.

Segundo Carr, o uso exagerado da internet está reduzindo nossa capacidade de pensar com profundidade. Desenvolvendo em nós um novo tipo de intelecto, mais adaptado a lidar com as múltiplas funções simultâneas. O que não é bom, já que estamos perdendo a capacidade de concentração, de ler atentamente.

Além do que Carr afirma, um amigo neurologista poderia muito bem falar sobre a explosão de casos clínicos de pacientes com queixa de transtorno por déficit de atenção causados pelo uso excessivo da internet e outros meios eletrônicos. E mais, pessoal!, é sabido, como diz um amigo: "quem não lê, não fala nem escreve". Vamos aos livros!
Os dados para este artigo são retirados da segunda edição dos “Retratos da Leitura no Brasil”, pesquisa feita em 2008 pelo Ibope Inteligência para o Instituto Pró-Livro (IPL). A pesquisa gerou o livro de mesmo nome, publicado pelo IPL em parceria com a Imprensa Oficial do Estado de São Paulo.
Saiba mais:
Universia -
http://is.gd/cF9Sa
UOL Educação - http://is.gd/cF9RD
BSF sobre artigo do “The Economist” -
http://is.gd/cF9R8
Clipping Digital do Instituto Metodista - http://is.gd/cF9Qm

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