domingo, 11 de julho de 2010

CASO BRUNO...CLAMOR POPULAR, EXORCISMO SOCIAL E JUSTIÇA(?).


Com todos os holofotes midiáticos,a imprensa grande, pequena, microscópica, redes e retículas de relacionamento (?) social ,todos voltados para o caso do suposto envolvimento do goleiro Bruno em um assassinato com detalhes funestos, é impossível livrarmo-nos da tentação de tecer um nosso comentário sobre a celeuma.


Se o moço é culpado ou não, isto é assunto para a polícia esclarecer e para a justiça julgar. Ou, ao menos, deveria ser. Mas não é isso que ocorre em lugar nenhum do mundo, principalmente se existe o tal "clamor público" por justiça. A isto, o renomado psiquiatra forense, Prof. Dr. Talvane de Moraes, batizou de "exorcismo social".

Explico: o caso em tela tem cortornos tão pavorosos e o suspeito da culpa está tão próximo, que a sociedade quer livrar-se dele o mais depressa possível. Para o experiente professor que, há mais de 40 anos, estuda as mentes criminosas, a reação dos familiares dos detentos de um dos presídios de Bangú à chegada de Bruno, foi, no mínimo, curiosa. Mesmo tendo um (ou mais) entes queridos presos nesse complexo penitenciário, muitos por homicídio, berraram: "assassino, assassino..."! Todos os noticiários televisivos internéticos e congêres, mostraram a mesma cena. Mas, poucos se deram conta desse fato. Eu, inclusive! É o tal "exorcismo social" manifestando-se alimentado fartamente pela imprensa que não deixa ninguém falar de outra coisa.


O mesmo "clamor público" gerou este mesmo "exorcismo" no caso Von Richthofen (2002) onde a jovem, bela e rica Susanne planejou e participou dos bárbaros assassinatos de seus pai e mãe.


De certo, sem o acompanhamento diuturno da imprensa, sem os famosos delegados e promotores atrás de seus tantos minutos de fama, penso que tanto o clamor quanto o exorcismo não se fariam sentir. Não nego o facto de todos terem o direito de saber dos acontecimentos e emitirem seus juízos. Mesmo que eles só sirvam para tema de conversa de botequim, papo-furado no tuíter ou como mote de anedotas de extremo mau-gosto.


Mas e quanto ao jornalista Pimenta Neves que, em agosto de 2000, matou com dois tiros dados pelas costas (um na cabeça...típico de executores) a também jornalista Sandra Gomide? Foi um homicídio duplamente qualificado (sem dar chance de defesa à vítima e de motivação torpe) no qual o réu confesso ficou em liberdade, após um habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal em 2001, por considerar que o Sr. Pimenta não oferecia perigo à sociedade. Em 2006 ele foi julgado e condenado a cumprir 19 anos do prisão. Desses, não cumpriu sequer um minuto...até hoje. Vai recorrendo, movendo uma fabulosa máquina advocatícia...e lá se vão quase dez anos. E dele a imprensa, onde ainda tem muitos amigos, pouco ou nada fala. Virou notícia velha que não causa "clamor público", não evoca "exorcismo social" e nem vende jornal.


Mas e o Bruno? Bem, a considerar o que diz o delegado mineiro Edson Moreira e que a imprensa falada e escrita vem empregando como única fonte segura de informações, o ex-goleiro do Flamengo já está condenado. A quê? Não faço a menor idéia! Mas tal como disse o delegado ao referir-se sobre o sumiço do cádáver, (sic) "a paciência é uma virtude".


A propósito, as buscas pelos restos mortais de Elízia Samudio foram interrompidas nesta sexta-feira (09/07) porque o delegado precisou viajar para o noroeste de Minas Gerais. Tinha que estar presente no casamento de seu colega, o delegado Wagner Pinto. O casório deu-se em Unaí, distante 600km da capital e para lá também foram outros delegados e vários policiais.


Mas as buscas serão retomadas na 2ª feira. Foi a mídia que disse. Que coisa !!


Em 11 de junho de 2010.


Prof. Haroldo Lemos

2 comentários:

Zé Marx disse...

Professor, escreva mais, por favor.
Que falta faz ter você como articulista em bons meios! Cadê o Mino Carta que não te procura?!?

Zé Marx disse...
Este comentário foi removido pelo autor.